segunda-feira, janeiro 03, 2011

Ilhas na rota de Cavaco e Alegre, com Coelho na peugada


Deputado do PND promete ir ao encontro de adversários.

Autonomia e poderes regionais na agenda de candidatos.

Hoje e amanhã, a Madeira torna-se no primeiro destino dos principais candidatos à Presidência da República. Cavaco Silva chega logo pela manhã para uma visita de dois dias com uma agenda carregada. E amanhã é a vez de Manuel Alegre aterrar para uma tarde e noite com passagem pelo Funchal e jantar com apoiantes.

Analisando os programas, conclui-se que não é provável que os dois candidatos se cruzem. O mesmo não se poderá dizer de José Manuel Coelho, apoiado pelo PND, cuja imprevisibilidade faz parte da sua estratégia. Se hoje à tarde Cavaco Silva faz uma arruada entre o Teatro Municipal e o Mercado dos Lavradores, é provável que Coelho faça o caminho inverso, tendo por objectivo um encontro a meio do trajecto. Nas últimas eleições regionais, situações destas acabaram com intervenções da polícia e da segurança do Governo Regional e do PSD/M.

Uma coisa é certa: Cavaco Silva será confrontado com questões relacionadas com a revisão constitucional, com o aumento de poderes das regiões autónomas. Afinal, na segunda metade do seu mandato, sentiu-se na obrigação de falar ao País sobre o Estatuto dos Açores, tendo ainda aberto, recentemente, uma excepção em visita oficial ao estrangeiro para comentar criticamente a compensação salarial do Governo açoriano aos funcionários públicos do arquipélago.

As autonomias serão tema de destaque nesta passagem pelas ilhas, um assunto que ainda não passou nos debates da pré-campanha. Sabe-se que Alberto João Jardim há muito reivindica uma revisão constitucional que dê mais poderes à Madeira. Aliás, não é de agora que Jardim defende um modelo cujos limites de autonomia se manteriam com os símbolos da bandeira, do hino, das Forças Armadas e de uma política de defesa comum. Por isso, garante-se, a autonomia vai perseguir os candidatos, seja Alegre seja Cavaco, que amanhã segue para os Açores (ver caixa).

A polémica em torno dos debates que excluíram o candidato José Manuel Coelho será outro dos temas que deverão ser levantados. O deputado do PND e a organização da sua candidatura a Belém farão tudo para que tal aconteça. Coelho já fez saber que gostaria de "falar com o professor [Cavaco]", "estender a mão ao adversário" e desafiá--lo para um debate.

Nos últimos dias, José Manuel Coelho tem vindo a atacar Cavaco Silva, com o caso BPN e com a mensagem de Ano Novo do Presidente da República, ironicamente comparada às declarações das "candidatas a Miss Mundo, loiras e esbeltas mas ocas de cabeça, que quando entrevistadas desejam paz, amor, que as criancinhas não passem fome", disse Coelho. Foram "palavras de circunstância de um candidato que abusou do cargo institucional para fazer mais uma acção de campanha eleitoral", acusou.

O candidato madeirense na corrida a Belém explicou que "o Presidente da República se esqueceu de ler uma folha do seu discurso" de Ano Novo, isto é, "não falou dos discípulos dele, daqueles antigos governantes e daqueles que ocuparam altos cargos na administração cavaquista, amigos que têm culpa directa no desastre do BPN, que é um buraco financeiro sem fim à vista" e "contribuíram para a grave situação económica e social em que o País se encontra", lamentou.

Numa acção de rua junto ao balcão do BPN no Funchal, Coelho garantiu que "quando for presidente" não vai permitir que "um primeiro-ministro injecte dinheiro dos impostos dos portugueses num banco falido para salvar os negócios dos tubarões do cavaquismo e do jardinismo". E concluiu: o PS e o PSD "estão de acordo quando se trata de salvar os negócios dos seus homens de mão".

(Com a devida vénia ao Diário de Notícias)

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