terça-feira, fevereiro 19, 2008

A "queda" de Jardim permitiu eleger PND








A 19 de Fevereiro de 2007 João Jardim anunciou aos madeirenses que se demitia do cargo de presidente do Governo da Madeira devido ao "garrote" financeiro resultante da revisão da lei de Finanças da Regiões Autónomas. Jardim provocou, assim, a queda do governo, a realização de eleições antecipadas (6 de Maio). Resultado? O reforço da maioria parlamentar do PSD/M e um desastre eleitoral para os socialistas que levou à demissão do seu líder, Jacinto Serrão. Um ano depois quem beneficiou com a decisão de Jardim? Para Luís Filipe Malheiro, dirigente social-democrata e chefe de gabinete do Presidente da Assembleia Legislativa, "pouco ou nada mudou" apesar de "alguns sinais recentes", em termos de relacionamento institucional, disse ao DN. Mas são apenas indicações, "nada de concreto ainda", reiterou. Sendo assim, um ano serviu, sobretudo, para "readaptar a política regional às condicionantes de uma Lei de Finanças regionais que Lisboa continua a aplicar implacavelmente", disse. Mas para Maximiano Martins, deputado do PS /M na AR, este ano "só serviu ao PSD/M e à estratégia de poder pessoal de Jardim, que, assim, atenuou uma crise financeira anunciada para 2008-2009, prolongou o mandato e ganhou tempo para preparar a transição dentro do partido. Já Edgar Silva, do PCP, considera que "todos os problemas que existiam mantém-se e agravaram-se. Há uma incapacidade de governação, uma enorme crise social e financeira. Só a ambição de poder do dr. Jardim justifica as eleições antecipadas". Baltazar Aguiar é mais irónico pois considera que "não houve qualquer efeito útil" a não ser a sua própria eleição como único deputado do PND.

(Publicado no Diário de Notícias - Continente)

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

PND PODE LEVAR ESTÁDIO A TRIBUNAL


















Baltasar Aguiar está disposto a enfrentar as "represálias" de Jardim

O deputado do Partido Nova Democracia (PND), Baltasar Aguiar, admitiu ontem, no plenário do parlamento regional, que poderá recorrer aos tribunais para impedir a entrega do Estádio dos Barreiros à SAD do Marítimo.De acordo com aquele político e advogado, parte considerável do terreno onde está implantada aquela infraestrutura desportiva foi doada à Região sob o compromisso de ficar ao serviço dos jovens desportistas da Madeira, não podendo, por isso, ser cedida a uma sociedade com fins comerciais/lucrativos. Baltasar Aguiar disse mesmo que está disposto a 'candidatar-se' às "represálias" com que o presidente do Governo Regional ameaçou quem levasse esta questão para instâncias judiciais. "Moção de censura" rejeitadaA declaração de Baltasar Aguiar foi feita no decorrer da discussão de um voto de protesto apresentado pelo PS "pela inércia e apatia" do Governo Regional na resolução dos problemas da Madeira e pela sua "notória incapacidade de um sentido reformador". No entender dos socialistas, o executivo de Jardim "está amorfo, cansado e mal preparado" e a prova disso está na eternidade de quatro meses que já dura a espera pela implementação das medidas de apoio ao investimento privado no âmbito do quadro comunitário 2007-2013. O PSD recusou este voto, que alguns deputados classificaram de esboço de uma moção de censura. Para Jaime Filipe Ramos, o PS actua ao sabor do que escuta na Comunicação Social e nos cafés e esquece-se do que tem sido o veredicto eleitoral nos últimos 30 anos. A agenda do plenário de ontem foi preenchida com quatro iniciativas do PCP, todas elas condenadas à nascença pelo 'chumbo' da maioria social-democrata.Património do Funchal condenadoNo caso do projecto de resolução que propunha que o Funchal se candidatasse a Património da Humanidade, o PSD nem permitiu a sua discussão, inviabilizando o respectivo processo de urgência. Gualberto Fernandes defendeu que esta candidatura deve ser devidamente analisada e explicou que Angra do Heroísmo já experimentou dificuldades pelo facto de ter aquele estatuto da UNESCO. Peixe-espada sem defesoPelo caminho também ficaram os projectos de decreto com medidas para a erradicação do analfabetismo na Madeira e para a instituição de um período de defeso na pesca do peixe-espada preto. Leonel Nunes (PCP) descreveu que a diminuição dos 'stocks' desta espécie já começa a preocupar pescadores e armadores e defendeu o recurso a apoios comunitários para sustentar os profissionais do sector num eventual período de proibição de pesca. Todos os partidos da oposição apoiaram a proposta, à excepção do CDS/PP que prefere esperar por pareceres técnicos para tomar uma posição. Já o PSD, pela voz de Rui Coelho, acusou o PCP de trabalhar para a estatística (produção de muitas propostas) e referiu que a criação de um defeso não só não trataria benefícios para os profissionais do sector como também fragilizaria a posição negocial da Madeira em relação às quotas de pesca. Uma última referência para uma intervenção de Gabriel Drumond (PDS), que se manifestou revoltado com o facto de em "Portugal ser tabu falar sobre a auto-determinação das chamadas regiões autónomas" e lamentou a passividade do Presidente da República face à política do Governo nacional.Como votaramVoto de protesto (do Partido Socialista) "ao Governo Regional pela inércia e apatia na actuação dos problemas dos madeirenses e na total ausência de sentido reformador - rejeitado pelo PSD, com a abstenção do MPT e BE e votos a favor dos restantes partidos.Projecto de decreto do PCP "Erradicação do analfabetismo - Regime que regulamenta a educação extra-escolar" - Rejeitado pelo PSD, com votos favoráveis do PS, CDS/PP, PCP, BE e PND.Projecto de decreto do PCP "Defesa do Peixe-Espada Preto" - Rejeitado pelo PSD, com abstenção do CDS/PP e votos a favor dos restantes partidos.Projecto de decreto do PCP "Conselho Regional do Ambiente" - Debate foi iniciado ontem e a votação transitou para o plenário desta quarta-feira; o PSD já anunciou que vota contra esta proposta.Processo de urgência do projecto de resolução do PCP denominado "Funchal - Património da Humanidade" - Rejeitado pelo PSD. Oposição votou a favor.

terça-feira, fevereiro 05, 2008

DEPUTADO DO PND-M COMENTA FEDERALISMO DEFENDIDO POR JARDIM











Madeira: Oposição critica federalismo defendido por Jardim
Os partidos da oposição na Assembleia Legislativa da Madeira criticam a criação de um Estado federal para Portugal como defende o líder do PSD-M, Alberto João Jardim, mas são unânimes na necessidade do aprofundamento da autonomia política.
«Portugal é um País relativamente pequeno quando comparado com outros estados federais e coincide com uma Nação, por isso consideramos despropositada essa intenção do dr. Alberto João Jardim», comentou à Agência Lusa o porta-voz e secretário-geral do PS-M, Jaime Leandro.
Para este dirigente socialista, «não existem diferenciações populacionais e culturais para justificar uma opção desse género, que só serviria para abrir clivagens ao todo nacional».
«Agora, que as autonomias devem ser aprofundadas, isso também estamos de acordo», acrescenta.
«É mais um fait divers, mais uma brincadeira de Carnaval do dr. Jardim, mais uma intervenção no seu discurso separatista», adianta.
O presidente do CDS/PP-M, José Manuel Rodrigues, afiança, por seu lado, que o seu partido «não tem qualquer problema em discutir esta questão», lembrando, a propósito, que as actuais autonomias regionais da Madeira e dos Açores têm «em alguns aspectos mais poderes que os estados federados».
«Portugal é um País pequeno e, por isso, parece-nos que não faz muito sentido criar-se um Estado federado», acrescenta.
«Mas é mais do que claro e sabido que, numa próxima revisão Constitucional, é necessário clarificar as competências do Estado e das regiões autónomas, há uma zona cinzenta e quando o Tribunal Constitucional é chamado a intervir, dirime sempre a favor do Estado contra as regiões autónomas», lembra o dirigente centrista.
O deputado e dirigente do PCP-M, Edgar Silva, é de opinião que a proposta de João Jardim «vale o que vale e, ainda por cima, numa época de Carnaval, em que as pessoas não levam a mal, é um assunto recorrente» e destaca que nunca um membro do seu Grupo Parlamentar na Assembleia da República «avançou com uma matéria dessas no hemiciclo nacional».
Edgar Silva chama também a atenção para o facto da autonomia política ser «um processo dinâmico que vai conseguindo etapas gradualmente diferenciadas», mas admite algumas dúvidas nessa graduação quando confrontado com «estas declarações avulsas e inconsequentes do dr. Jardim».
«Duvido se ajudam ao processo dialéctico das autonomias», conclui.
De igual modo se pronuncia o dirigente do BE-M, Roberto Almada: «autonomia sim, Estados federados com tiques independentistas, não».
«Estamos de acordo com o reforço e aprofundamento das autonomias desde que não coloquem em causa a unidade nacional», realça.
João Isidoro, do MPT-M, lembra que a posição oficial do partido é pelo Estado unitário tal como estabelece actualmente a Constituição e que é «pelo aprofundamento das autonomias até ao limite em que o texto constitucional o permitir».
Mas - acrescenta - «a nós não nos causa transtornos discutir estas questões num ambiente democrático e sempre na perspectiva de melhorar a qualidade de vida dos cidadãos».
Interpretação diferente tem, porém, o único deputado do PND-M, Baltasar Aguiar: «sinto que ele não defende um Estado federado que implica um Estado federal mas antes um Estado afilhado e um Estado padrinho porque nunca vai abdicar-se das transferências do Estado, o que não aconteceria num sistema de federalismo».
Estas questões de regime político, diz ainda Baltasar Aguiar, significam que «estamos muito mal financeiramente», lembrando que a última situação do género levou Alberto João Jardim a baptizar o navio que fazia ligação entre a Madeira e o Porto Santo de «Independência».
Apesar dos esforços da Lusa, não foi possível obter um comentário do gabinete do Representante da República.


(Publicado no Diário Digital)