Este não é um artigo de campanha. Não tenho canetas para oferecer. Nem bonés, nem flores, nem t-shirts, nem promessas… Tenho umas verdades, mais ou menos cruas, e politicamente incorrectas, que ninguém usa para captar votos.
Não somos um povo superior. Nem sequer somos um povo muito inteligente. Somos fruto do subdesenvolvimento intelectual imposto pela ditadura, que se perpetuou no tempo, até o dia de hoje, por conta de uma promessa de democracia.
Somos pobres. Ficamos pobres de tanto nos endividarmos para parecermos outra coisa… Tivemos vergonha da nossa paisagem rural e hipotecamos os filhos para comprar a “Singapura do Atlântico”. Ficamos sem os filhos, sem a paisagem, e de Singapura nem um postal. Só para ir à capital pago 250 euros. Às vezes mais.
Sofremos de um complexo de inferioridade. Não acreditamos em nós e aceitamos as verdades absolutas de quem parece importante. Vergamo-nos perante o elogio. Ensinamos isso aos políticos e trocamos o voto pela magnificação da estupidez.
Não estou zangada. Só cansada.
Explicar às crianças seria mais fácil: “Era uma vez um partido que, apesar de permanentemente acusado de “não ter ideias” nem “apresentar propostas”, foi o único agente da oposição que, efectivamente, actuou. Impediu o arquivamento do processo “Cuba-livre”; intentou queixas-crime por violação da lei eleitoral; deu entrada de uma acção popular contra a violação da Rede Natura 2000; impossibilitou o financiamento indirecto do Jornal da Madeira pela Câmara Municipal do Funchal e doou à população o dinheiro que recebeu do Jackpot. Surpreendentemente, ou não, perdeu as eleições para os partidos que ofereceram canetas, bonés, flores e t-shirts”.
(Com a devida vénia ao Diário de Notícias - Madeira)
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