O deputado do PND no parlamento da Madeira, António Fontes, protagonizou hoje um inusitado momento no plenário ao cantar da tribuna, sozinho em alta voz, a 'Grândola, Vila Morena'.
António Fontes intervinha, no período de antes da ordem do dia, na discussão de um voto de saudação para assinalar o 35º aniversário da Constituição da República, apresentado pelo grupo parlamentar comunista, que foi rejeitado pelos votos da maioria do PSD, abstenção do CDS e PND, e favoráveis do PCP, BE, PS e MPT.
O deputado do PSD-M, Coito Pita, considerou que o voto era «uma provocação» e criticou a «postura hipócrita» do PCP, enquanto que o seu colega de bancada, Tranquada Gomes, defendeu que a mesa da Assembleia Legislativa da Madeira «deveria sancionar» a atitude de António Fontes porque «utilizou o palanque não para falar mas para cantarolias».
Adiantou que este episódio poderia abrir um precedente para que o parlamento ouvisse algum dia um «coro».
Sobre o voto, André Escórcio (PS) sustentou que a Constituição não deve ser «objecto de mais tentativas de desconfiguração dos seus princípios e valores», admitindo que deve ser feita uma reflexão sobre alguns aspectos, mas rejeitou o apoio do partido para permitir alguma «subversão constitucional».
Lopes da Fonseca (CDS) justificou a abstenção apontando que o partido considera que a Constituição «ainda tem na sua génese alguns pontos com o qual não concorda».
Por seu turno, Roberto Vieira (MPT) disse que «quem mais ordena não é o povo, mas os partidos (PS, PSD e CDS) e que a canção Grândola, Vila Morena, passou a ser quase uma fraude, porque a letra é maravilhosa, mas Portugal e a Madeira não a praticam».
A maioria social-democrata rejeitou também um requerimento do PCP que visava a constituição de uma comissão eventual para a elaboração das linhas de combate à corrupção na Madeira, alegando o deputado Savino Correia que «esta é uma matéria da competência da Assembleia da República».
O líder parlamentar socialista, André Escórcio declarou que as «políticas exigem cidadãos sem manchas» e defendeu ainda que «é importante que haja transparência no ato político».
Roberto Silva do MPT referiu que existem na região «pessoas que enriqueceram do nada», considerando a iniciativa pertinente para que «a opinião pública não fique com a imagem que os políticos são todos corruptos».
O deputado do BE, Roberto Almada, sustentou que «existem condições favoráveis a situações de eventual corrupção na Madeira» e o do CDS/PP, Lopes da Fonseca, sustentou que «não há provas contra a corrupção, mas que ela existe, existe».
(Com a devida vénia à Agência Lusa e ao Semanário Sol)
Sem comentários:
Enviar um comentário