António Fontes confessa que "tem medo"
O deputado único do PND-Madeira à Assembleia Legislativa Regional, António Fontes, confessou hoje em conferência de imprensa que "tem medo". A razão prende-se com ameaças de que diz ter sido alvo, através de chamadas realizadas de cabines telefónicas. Foi pouco claro quanto às medidas que terá tomado a respeito, mas deixou a ideia de que se terá queixado às entidades policiais, e que haverá investigações em curso. "Não sou nenhum mártir", referiu. E até mencionou a sua mãe, de 86 anos, que não consegue compreender bem as suas acções políticas e de denúncia, e com a qual se preocupa. "Tenho que protegê-la", disse. Por isso, teme por si e por ela.
António Fontes queixou-se também da restante oposição, oito dias passados sobre o dia em que, "de forma séria, fundamentada, estudada", foi à Assembleia Regional apresentar um convite a todos os partidos da oposição, no sentido de saber se estavam disponíveis para subscrever uma queixa dirigida ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, com conhecimento à Comissão Europeia e ao Parlamento Europeu, no sentido de assegurar a realização de uma campanha eleitoral com eleições livres na Madeira. Tudo porque, conforme já denunciou, tem razões para temer a contagem apropriada dos votos, e um acto eleitoral absolutamente transparente e límpido. Mas os partidos da oposição não corresponderam. "Nenhum deles subscreveu o repto do PND".
"Temiam que uma coisa bem feita, como a que se pretendia fazer, levasse à suspensão e ao adiamento do acto eleitoral. Querem realizá-lo agora, mesmo sabendo que, porventura, e quase de certeza, vão manter-se em minoria, e nem sequer galgar a maioria absoluta, e absurda, do PSD-Madeira", queixou-se.
António Fontes, que falou aos jornalistas de jeans e t-shirt, numa crítica ao código de indumentária imposto na Assembleia, acrescentou não ter medo de processos, pois contabiliza, desde que começou a tornar-se incómodo, 28 processos que lhe foram movidos; de facto, num deles, foi condenado, mas, para si, "não se tratou de uma condenação, mas de uma condecoração, que tenho muito prazer em ter ao pescoço - servirá para manter a espinha dorsal direita e a minha consciência absolutamente tranquila".
A haver um processo que lhe seja movido pelo Governo Regional, o arguido, afirmará, não será ele, António Fontes, mas Alberto João Jardim, não como pessoa, mas como presidente do Governo Regional da Madeira.
Sobre a chapelada eleitoral nas presidenciais de 1980, rejeitou a ideia de que terá deixado prescrever todo este caso, dizendo que já tinha, anteriormente, dado indicações sobre irregularidades eleitorais na Região.
Também sobre os insultos que lhe têm sido insistentemente movidos, no sentido de lhe chamar 'drogado', algo que, queixa-se, Jaime Ramos lhe tem chamado muitas vezes na Assembleia Regional, mas que fica registado apenas como 'burburinho', considerou tais insultos um absurdo, até porque, conforme disse, quem o conhece sabe que faz exercício todos os dias.
Os insultos pioraram quando foi considerado por José Pedro Pereira, líder da JSD-M, um consumidor de drogas duras. Novos insultos de alguém a quem apenas pode referir-se como 'Mijinhas', disse, instigados, mais uma vez, por Jaime Ramos, acusou.
Fontes denunciou ainda a inércia da Assembleia Regional, no dia em que proferiu estas declarações, em conferência de imprensa, perante o vazio em que se encontrava o local: um órgão de poder legislativo que apenas o é aparentemente.
(Com a devida vénia ao Diário de Notícias - Madeira)
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