sexta-feira, outubro 09, 2009

Inauguração violenta

















A inauguração da conclusão da 3º fase das Infraestruturas Gerais do Madeira Tecnopolo ficou marcada por violência física contra dirigentes do PND, agredidos e soco e a pontapé, e por um forte aparato policial, que foi ainda reforçado pela presença de vários seguranças de uma empresa privada, contratados pelo empreiteiro. Desde o início ficou claro que aquela seria uma inauguração diferente. Todo o perímetro estava vedado e marcado como sendo acesso privado. Elementos da PSP, incluindo a Brigada de Intervenção Rápida, corpo de segurança pessoal, todos comandados pelo próprio comissário Roberto Fernandes, e ainda seguranças privados, da empresa Securitas, faziam o controlo de quem podia ou não entrar. Coisa nunca antes vista numa inauguração, mas que foi explicada pelo facto da obra pertencer ao empreiteiro até a entrega formal ao Governo. Apesar das explicações oficiais, o reforço da segurança tinha por principal objectivo evitar a repetição do ocorrido na inauguração da via-expresso para o Porto do Funchal, onde populares se envolveram em confrontos com dirigentes do PND. Um episódio que abriu um diferendo do presidente do Governo com a PSP e que levou Alberto João Jardim a dizer que dispensava a polícia. Uma vontade que não só não se concretizou, como até levou a um reforço policial, como o que ontem se verificou. Daí que, pela primeira vez, Jardim tenha presidido a uma inauguração fortemente policiada e com barreiras, onde o povo marcou presença, mas de forma controlada e seleccionada. O presidente ainda ironizou ao dizer que iria esperar um pouco "para ver se chega o fascismo, porque isto assim não tem piada". No decorrer do discurso chegou mesmo a pedir desculpa ao povo " por isto não ter sido tão animado como há dias", numa alusão aos incidentes ocorridos com dirigentes do PND, após a inauguração da nova ligação ao porto do Funchal. Mas Jardim falou cedo demais. Logo após os discursos, os dirigentes do PND tentaram entrar na estrada que tinha acabado de ser inaugurada, mas foram impedidos de o fazer por seguranças privados. Foi um momento de tensão com alegados trabalhadores da obra a agredirem a soco e a pontapé o deputado Baltasar Aguiar e o candidato à Assembleia Municipal, Eduardo Welsh. A polícia foi mesmo obrigada a intervir. Tudo se passou a cerca de 500 metros do palco onde o presidente discursou, quando os dirigentes do PND pretendiam manifestar-se contra as "inaugurações eleitoralistas" de Jardim e aquilo que dizem ser um "desrespeito pelo princípio da neutralidade e imparcialidade em época de eleições". Ostentavam um único cartaz com uma frase que atribuíam a Jardim, proferida em 1996, e que rezava o seguinte: " A Polícia tem, a meu pedido, autorização para utilizar a força". Após várias tentativas para penetrarem na zona, Eduardo Welsh aproveitou uma brecha, correu para o local, tendo sido agarrado e colocado fora das barreiras de forma violenta. O mesmo aconteceu com o deputado Baltasar Aguiar que acabou por ser agredido por um indivíduo que estava junto dos seguranças. Os dirigentes do PND insurgiram-se contra seguranças privados "que utilizam violência" e que barram a entrada a depudados da Assembleia. "É uma vergonha forças privadas violarem a Constituição. Isto é um Estado de Polícia", vincou Baltasar Aguiar. O deputado acusou ainda o Governo de utilizar forças policiais na campanha, impedindo candidatos de se manifestarem. Por isso, apelou à intervenção do Ministro da Administração Interna, da CNE e do Procurador Geral da República. Baltasar Aguiar anunciou mesmo uma queixa-crime, embora não tenha muita fé no Ministério Público da Madeira, que, em seu entender, se pauta pela inércia, "que é amiga da ilegalidade". Jardim presidiu ontem a três inaugurações, num investimento total de cerca de seis milhões de euros."Eu estou a mandar"Apesar da segurança contra as manifestações do PND, o presidente do Governo deu ordem para que um grupo de jovens, que disseram ser "cidadãos da Madeira Livre", exibissem cartazes contra dirigentes do PND. A polícia tentou impedir, mas Jardim interveio. "Têm direito a se manifestar como os fascistas e gajos vindos de fora. Abram os cartazes que eu estou mandando. Sou eu que estou a mandar. Senhor guarda, não chateie ninguém". "Canha foge para o Brasil, a Justiça venezuelana te procura", "Canha, Baltasar e Welsh, os três artistas do circo fascista", "Fábrica do Hinton explorou o povo", "abaixo os herdeiros do Hinton, do Baltasar e padre Lopes", "abaixo os fascistas da Madeira Velha" eram algumas das frases inscritas.



(Com a devida vénia ao Diário de Notícias - Madeira)

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