sexta-feira, junho 06, 2008

BALTASAR AGUIAR CRITICA MÉTODO DO GOVERNO











Pecados da política de Saúde explorados até à exaustão
oposição diz que administradores da saúde são escolhidos pelo cartão partidário


O Governo Regional conseguiu ver aprovado, ontem, na Assembleia Legislativa da Madeira, o segundo de dois diplomas que reformam o sistema de Saúde. Apesar de ter primado pela ausência, o executivo não se livrou de ser declarado culpado num julgamento feito por todos os partidos da oposição. Foi o culminar de dois dias a explorar as falhas, insuficiências e recuos na política regional de Saúde. O diploma ontem aprovado altera o regime e a orgânica do Serviço Regional de Saúde, o qual passa a designar-se Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira EPE (SESARAM EPE), e aprova o estatuto do Sistema Regional de Saúde. Rafaela Fernandes (PSD) bem insistiu que se tratava de uma "alteração formal" e não uma mudança de políticas de fundo, mas não convenceu os outros intervenientes no debate.
A escolha dos três administradores do SESARAM pelo Governo tendo por base um critério muito vago ("individualidades de reconhecido mérito") abriu caminho à ironia de Baltasar Aguiar (PND): "Reconhecido mérito teve o Eusébio. Pelos vistos pode o Eusébio ser administrador do Serviço Regional de Saúde".
Edgar Silva (PCP) considera que as mudanças são feitas de modo a partidarizar os cargos, visto que outros postos-chave (director clínico e enfermeiro director) são ocupados por elementos designados pelo Governo. João Isidoro (MPT) criticou o afastamento dos enfermeiros do conselho de administração e a menorização desta classe profissional, que, afinal, é a que está mais próxima do utente. Bernardo Martins (PS) e José Manuel Rodrigues (CDS/PP) também se manifestaram preocupados com esta opção. Já para Baltasar Aguiar, a manutenção dos subsídios de fixação para médicos e enfermeiros colocados fora do Funchal, com acréscimos ao salário que podem ir até aos 67%, é "um maná que levou à falência do Serviço Regional de Saúde".Por outro lado, Roberto Almada (BE) alertou que a transformação do Hospital Dr. João de Almada em unidade de cuidados continuados integrados "é o primeiro passo para privatizá-lo", em cujo financiamento vão entrar não só as pensões dos idosos ali internados como também valores a pagar pelas famílias. Uma última referência para duas intervenções no período de antes da ordem do dia, ambas oriundas da bancada PSD. A propósito das comemorações do Dia Mundial da Floresta, Vicente Pestana afirmou que "a Região tem de longe a legislação mais rigorosa e restritiva da gestão dos espaços florestais do país". A par disto, censurou aqueles que à custa da defesa da Natureza "não fazem mais do que servir-se dela para subir na vida". Já Sónia Pereira fez uma análise aos últimos desenvolvimentos do acordo ortográfico entre Portugal e Brasil. Como votaram = Proposta de decreto legislativo regional que aprova o regime e orgânica do Serviço Regional de Saúde e altera o estatuto do Sistema Regional de Saúde - Aprovada na generalidade pelo PSD, abstenção do PS e CDS/PP e votos contra do PCP, BE e PND.Votação final global da proposta de decreto legislativo regional que regula a produção, distribuição e venda da batata-semente na Madeira - Aprovada por unanimidade.Voto de saudação (BE) ao 77.º aniversário da Revolta da Madeira - Aprovado por unanimidade. Voto de protesto (BE) "contra a passividade do Governo na implementação de medidas de protecção das crianças em risco de rua" - Rejeitado pelo PSD, com votos favoráveis de toda a oposição.Agenda parlamentarO debate sobre pobreza e exclusão social, pedido pelo PCP, poderá ter lugar a 20 de Maio, data sugerida pelo secretário dos Assuntos Sociais.Próxima sessão plenária está agendada para terça-feira.Duas iniciativas têm processo de urgência: anteproposta de lei sobre regime aplicável ao consumo de droga; e projecto de resolução sobre freguesias em risco de morte social.O debate sobre a Conta da Região de 2006, previsto para 24 de Abril, foi adiado por ficar muito em cima da Convenção Regional do BE.

PND CRITICA REFORMA DA SAÚDE REGIONAL




Oposição aponta erros na reforma da saúde

O primeiro de dois diplomas que alteram o sistema de saúde público regional foi aprovado na generalidade apenas pelo PSD, ontem, no plenário da Assembleia Legislativa da Madeira. A criação da Direcção Regional da Saúde e Assuntos Sociais IP-RAM, em resultado da fusão de duas direcções regionais e do Serviço de Prevenção da Toxicodependência, não convenceu qualquer força da oposição.

Baltasar Aguiar (PND) acredita que a reforma empreendida pelo secretário dos Assuntos Sociais, Jardim Ramos, vai no mesmo sentido daquela que foi "empresarialização" apresentada há quatro anos pela sua antecessora, Conceição Estudante, a qual foi "a campeã regional da despesa", ao fazer disparar os gastos em saúde de 169 milhões de euros em 2003 para 256 milhões em 2006.

Roberto Almada (BE) descreveu outros pecados da nova direcção regional: como é um instituto público, não pode ser fiscalizado pelo parlamento; os novos funcionários terão contrato individual de trabalho, o que representa "acabar com o vínculo de emprego público"; e a 'diluição' do Serviço de Toxicodependência resultará numa perda de eficácia na luta contra esta chaga social. Esta última preocupação foi partilhada por outros deputados da oposição, como Bernardo Martins (PS) e José Manuel Rodrigues (CDS/PP). Já Edgar Silva (PCP) aproveitou para lembrar as duras críticas que França Gomes, ex-presidente da Ordem dos Médicos, fez à reforma da saúde realizada em 2003, designadamente a sua lógica empresarial. Acontece que o mesmo médico foi agora indigitado pelo Governo Regional para dirigir a Rede de Cuidados Continuados Integrados. A análise à reforma da saúde prossegue hoje, com a discussão do diploma que altera a orgânica e o estatuto do Serviço Regional de Saúde.Diplomas correm risco de devoluçãoA não audição prévia de todos os sindicatos do sector da Saúde pode ditar a devolução dos dois diplomas que alteram o sistema público de saúde regional. O aviso foi deixado por Edgar Silva logo no início da discussão, que criticou a pressa do PSD em fazer aprovar esta legislação. O deputado comunista só entende esta urgêmcia com o incómodo que é ter já indicado as pessoas (França Gomes e Almada Cardoso) para cargos que ainda nem foram criados. Recordou ainda que na reforma de 2003, a mesma pressa resultou na devolução de um diploma pelo representante da República. Edgar Silva recordou que desta vez deu-se um prazo de cinco dias para os sindicatos se pronunciarem, quando o normal são 15 dias. PSD defende legislação laboral do PS nacionalA maioria PSD rejeitou um voto de protesto do PCP contra a política do Governo de José Sócrates de retirada de direitos dos trabalhadores da Administração Pública e o 'Livro Branco sobre as Relações Laborais' que abre a porta ao despedimento sem justa causa e limita a contratação colectiva. Curiosamente, foi Coito Pita (PSD) quem fez a defesa mais enérgica das medidas do executivo nacional. No entender do deputado social-democrata, é necessário reformar a legislação laboral portuguesa de modo a colocá-la a par da legislação europeia, tendo referido que o actual quadro legal está a impedir o desenvolvimento do país e explica a actual situação económica nacional. PS e CDS/PP abstiveram-se em relação a este voto de protesto, PCP, BE e MPT votaram a favor.

(Publicado em Diário de Notícias - Madeira)

PND-M PREJUDICADO POR RTP-M












Oposição com razões de queixa da RTP-M
No telejornal, PS, CDS/PP e PND são prejudicados. Já PCP, BE e MPT são favorecidos


O relatório da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) sobre pluralismo político-partidário na televisão pública portuguesa, publicado anteontem, revela que os partidos da oposição têm motivos para se sentirem prejudicados pelo serviço noticioso da RTP-M, embora não de uma forma generalizada. Trata-se, no entanto, de um problema que também se verifica nos Açores e no espaço continental. Entre 1 de Setembro e 30 de Novembro de 2007, a Entidade mediu os tempos reservados a assuntos do Governo Regional e dos diversos partidos em 88 telejornais da RTP-M e comparou-os com a respectiva representatividade eleitoral. Neste capítulo, a ERC acha que o PS-M é o partido mais prejudicado, pois tem 15,92% do tempo no telejornal, quando proporcionalmente deveria ter 22,02%. CDS/PP e PND também são penalizados, mas menor escala. Pelo contrário, PCP, BE e MPT são favorecidos no telejornal. Governo Regional e PSD, em conjunto, têm praticamente o 'tempo de antena' a que corresponde a sua expressão eleitoral. O estudo da ERC demonstrou que a RTP-M tem tendência para favorecer os partidos do 'bloco central' (PSD e PS) em determinados programas de informação. São abordados dois exemplos. No programa de entrevista 'Primeiro Plano', em cinco de sete edições o convidado representava o Governo ou o PSD (ou seja, 71,4%). As duas excepções aconteceram com convidados ligados ao PS (28,6%). Conclui a ERC que no período em análise houve um desvio da representação dos actores/protagonistas político-partidários. No programa de debate 'Tem a Palavra' há apenas lugar para dois deputados, um do PSD e outro do PS. A este respeito, a ERC nota que "a ausência de outros espaços de programação de formato equivalente, abertos à intervenção de outras forças político-partidárias, restringe o espaço de debate político ao PSD e PS na grelha da RTP-Madeira". O mesmo relatório revela que nos Açores há um programa de debate, 'Estado da Região', com todas as forças representadas no parlamento. Da grelha da RTP-M consta um programa com a mesma designação mas que se encontra suspenso por ordem da direcção do canal, devido "à falta de comparência sistemática do representante do PSD".

(Publicado em Diário de Notícias - Madeira)

DEPUTADO DO PND COMENTA DECLARAÇÕES DE JAIME GAMA








Baltazar Aguiar, PND

O Bokassa era um imperador do Império Centro Africano e era conhecido pelo seu canibalismo. Descobriu-se até que guardava as vítimas nos frigoríficos. Ora, eu compreendo que o Dr. Jaime Gama, na Madeira, não se queira ver transformado numa iguaria daqui do imperador local e tenha feito esses elogios.

(Publicado em Diário de Notícias - Madeira)

BALTASAR AGUIAR ACUSA GOVERNO REGIONAL













Custos de insularidade são arma contra Sócrates

São muito raras as vezes em que a oposição consegue fazer aprovar iniciativas legislativas, no parlamento regional. O 'chumbo' é a marca atribuída à maioria das propostas, as excepções só acontecem quando está em causa alguma reivindicação junto da República. Não era essa a intenção de um requerimento do CDS-PP, mas o resultado foi o mesmo. A bancada da maioria aprovou, ontem, a constituição de uma comissão eventual que irá avaliar os 'custos de insularidade'. Inicialmente o objectivo era determinar quais os subsídios que estão a ser pagos na Região e por quem, mas o PSD-M conseguiu alargar o âmbito da proposta. Jaime Filipe Ramos deixou bem claro que o que deverá ser avaliado é o "custo da insularidade". O deputado 'laranja' espera que, "mais de 30 anos depois de haver democracia em Portugal, o Estado assuma as suas responsabilidades".O requerimento do CDS-PP foi aprovado por unanimidade, mas as posições dos partidos não poderiam ser mais diferentes.José Manuel Rodrigues justificou a iniciativa com a necessidade de ser feito um levantamento dos subsídios de insularidade, pagos na Madeira e no Porto Santo, bem como as diferenças entre a administração pública regional, central e local.O líder do CDS-PP lembrou que, na Região, apenas os funcionários públicos (30 mil) recebem ajudas - mais 2% na Madeira e mais 30% no Porto Santo -, enquanto os trabalhadores do sector privado (100 mil) são "tratados como cidadãos de segunda".A obrigação de o Estado corrigir as assimetrias resultantes da insularidade foi recordada por todos os partidos, mas o deputado do PND fez questão de marcar diferenças.Baltasar Aguiar recordou que o Governo da República só tem a obrigação de compensar os custos de insularidade estruturais e permanentes. "Os preços dos Portos, por exemplo, não são um custo de insularidade permanente", recordou. Victor Freitas lembrou que a Madeira recebe, anualmente, 150 milhões de euros, vindos do Orçamento de Estado, destinados a custos de insularidade, além de outras ajudas."Temos IVA mais baixo e apoios do POSEIMA, mas os bens essenciais ainda são mais caros do que no Continente", criticou.Trabalho para Monteiro DinizAntes do final da sessão plenária, uma proposta de decreto legislativo, que parecia pacífica, acabou por motivar um debate intenso.O Governo Regional apresentou uma adaptação do estatuto dos dirigentes da administração pública que, segundo Tranquada Gomes (PSD), introduz ligeiras alterações ao diploma nacional.Leonel Nunes (PCP) alertou para a possibilidade de este diploma regional "suscitar dúvidas ao Representante da República", por alterar normas dos concursos para quadros dirigentes.Baltasar Aguiar concretizou as eventuais irregularidades da proposta. O deputado do PND acusa o Governo Regional de apresentar um decreto legislativo que "remete para leis que estão revogadas" e tem como único objectivo "acabar com os concursos isentos, na administração pública". Alterações que podem motivar a devolução à ALM. A Assembleia Legislativa volta a reunir-se, esta manhã.Como VotaramComissão para o estudo dos custos de insularidade (PP) - aprovada por unanimidade.Rede de centros para a promoção do empreendedorismo (PS) - rejeitada, com os votos contra do PSD e os votos favoráveis da oposição.Plano regional de acção para a inclusão (PCP) - processo de urgência rejeitado.Adaptação do estatuto do pessoal dirigente dos serviços e organismos da administração pública (GR) - aprovada, com votos favoráveis do PSD, abstenções do PP e do PCP e votos contra do BE e do PND.O plenário autorizou os deputados Jaime Ramos e Carlos Pereira a prestarem depoimentos, em tribunal, como testemunhas. Cunha e Silva prestará depoimento por escrito. A Assembleia rejeitou pedidos dos tribunais para ouvir outros deputados e secretários. O que Disseram"Será que os socialistas têm assim tantos motivos para festejar?" - Élvio Encarnação (PSD), sobre o último comício do PS."Este facto (30 anos de Jardim na presidência GR) sim, seria digno de uma festa de arromba e na qual o champanhe deveria ser rei" - idem."Lembra-se quem é que apoiava, na 'Voz da Madeira', a ditadura que votou a Madeira ao ostracismo?" - Paulo Martins (BE), dirigindo-se a Élvio Encarnação."Os madeirenses e porto-santenses esperam que o Governo Regional do PSD comece, finalmente, a governar" - José Manuel Rodrigues (CDS)."Nesta proposta, 99% é um 'copy-paste' da lei nacional", Tranquada Gomes (PSD)."O dr. Tranquada vende uns bons produtos, mas que têm sempre um bicho" - Baltasar Aguiar (PND). AGenda parlamentarA sessão plenária desta manhã vai abrir com a discussão de um pedido de constituição de uma comissão de inquérito às concessões do GR às empresas Vialitoral e Via Expresso. A proposta é da autoria do grupo parlamentar do PS e a maioria social-democrata deverá rejeitá-la. Na segunda parte da ordem de trabalhos, o primeiro ponto agendado é um projecto de decreto legislativo, da autoria do CDS-PP, que pretende atribuir, aos idosos, um complemento de pensão para aquisição de medicamentos.O PS pretende que a ALM avalie um relatório sobre o combate à evasão fiscal.A ordem de trabalhos termina com uma proposta do PCP, para a criação de uma comissão eventual que avalie o funcionamento do Centro Internacional de Negócios.

(Publicado em Diário de Notícias - Madeira)

PND IRÁ RECORRER AOS TRIBUNAIS













GOVERNO REGIONAL PREPARA-SE PARA ENTREGAR ÁREAS DO NEGÓCIO portuário

A secretária regional do Turismo e Transportes procurou passar incólume no debate suscitado pelo PND, na Assembleia Legislativa da Madeira, em que a actividade portuária e o transporte marítimo estiverem em foco. Quis ser discreta e evasiva, mas foi enigmaticamente clara quanto à sua linha de actuação. Conceição Estudante quis reservar o anúncio das suas primeiras grandes medidas no sector para o 'seu timing político', mas o DIÁRIO apurou que os estudos e o trabalho de casa estão feitos e que a governante tem preparadas medidas que vão suscitar muita polémica.Na sua intervenção no parlamento, Estudante já deixou claro duas medidas concretas, ao assumir a vontade de normalizar as relações entre os diferentes operadores e a Autoridade Portuária através de "quadro legal e regulamentar claro e inequívoco", propósito em que deixou transparecer algum desconforto com a actual situação, em que o governo licenciou provisoriamente - há 16 anos - a operação portuária sem ter justificado esta opção.Precariedade da licençaA forma como a titular do sector admitiu a precariedade da licença do único operador, depois de confrontada por Baltasar Aguiar com o facto de a OPM e da Região não terem cumprido o que a lei exigia no licenciamento e emissão do alvará, bem como as dúvidas suscitadas pelo deputado quanto à nulidade do objecto de um licenciamento que era válido para o Porto do Funchal, mas que não se aplica ao Caniçal, bem como uma eventual caducidade desta licença, foram questões sem reposta no hemiciclo, mas que o DIÁRIO sabe que terão desenvolvimentos em breve.Do que foi possível apurar, o Governo Regional deverá anunciar a emissão de um novo licenciamento, cumprindo deste modo um requisito obrigatório, o de justificar porque razão não promove um concurso público e optou pelo licenciamento.Entre as novidades que o novo processo de licenciamento trará, está a redução drástica das taxas que a Região cobra através da Portos da Madeira SA, - sobretudo a famosa TUP-Carga, a que representa mais 1.000% do que na maioria dos portos nacionais - a partir da formalização de um licenciamento que obrigue o operador portuário, a OPM do Grupo Sousa, ao pagamento pela utilização da infra-estrutura e não apenas o direito de cobrar receitas. Novo licenciamentoO modelo que está em cima da mesa de Conceição Estudante passa pelo Governo Regional cobrar à OPM um valor correspondente à TUP-Carga (5 milhões de euros), deixando a APRAM de taxar este movimento que até não tem cobertura legal, pois a Autoridade Portuária cobra uma taxa por um serviço que não presta, quando deveria cobrar, sim, aos operadores pela utilização das suas infra-estruturas.Com um 'low-profile' que impede um debate directo com os seus oponentes, a governante deixou o essencial das suas mensagens, dando a entender que não promoverá um concurso público e consequente concessão, como é reclamado pela oposição, pois no seu entender esta não garante 'per si' uma redução dos custos.Investimento é do governoJá na parte final do seu discurso, Conceição Estudante deixou nas entrelinhas aquela que deverá ser a mais polémica proposta, pois a governante prepara-se para concessionar a privados as operações de reboque, amarração e pilotagem, tal e qual acontece nos portos nacionais, a troco do pagamento de uma verba que resulte numa receita igual à obtida actualmente pela Portos da Madeira SA.Estudante deverá evocar os mesmos argumentos com que José Sócrates prepara a privatização dos portos nacionais, reservando para a Autoridade Portuária - representada na Madeira pela APRAM SA - o papel de regulador e voltando a 'exigir' ao orçamento regional os investimentos.Esta foi, aliás, uma das mais surpreendentes e claras mensagens, quando a governante assumiu que quer a Administração de Portos da Madeira SA mais preocupada com o seu 'core-business' - sobretudo o turismo de paquetes - e menos comprometida com os investimentos em portos e outras infra-estruturas sem rentabilidade comercial.Estudante demarca-se da política dos seus antecessoresUm corte com Santos Costa e com os últimos 20 anos de política marítimo-portuária. É esta a principal leitura da recusa de Conceição Estudante em comentar o que foi feito nesta área, nos governos anteriores. A secretária regional do Turismo e Transportes não comentou as decisões que levaram à actual situação nos portos da Região, mas também não definiu metas para a sua acção futura. Em primeiro lugar, garantiu, deverão ser exploradas todas as vertentes do Tratado de Lisboa, nomeadamente o que diz respeito à aplicação do princípio da continuidade territorial e a uma eventual "discriminação positiva" das regiões ultraperiféricas. Se a governante não deu garantias sobre as medidas a implementar, do lado da oposição, o deputado do PND, responsável pela realização do debate, foi muito mais directo. Baltasar Aguiar terminou a última intervenção da manhã, com a garantia de que o seu partido irá recorrer aos tribunais, se o Governo Regional não avançar, rapidamente, para a abertura de um concurso público para as operações portuárias. "Não vamos esperar muito tempo", assegurou. Todo o debate foi marcado pelos ataques da oposição, em bloco, à situação de monopólio que beneficia a OPM e pelas acusações ao Governo Regional de manter uma situação de ilegalidade, com um operador que não dispõe de alvará e está com uma licença precária desde 1991.A falta de alvará foi muito explorada pelo deputado do PND, que recordou que esse documento deveria ter sido apresentado, pelo operador, há 15 anos, face às alterações legislativas que se verificaram.A não abertura de um concurso público para as operações portuárias, foi outro dos temas centrais do debate. Conceição Estudante considera que essa não é a "solução milagrosa" para o sector e ficou claro que, nos próximos tempos, a política do Governo Regional não vai passar por aí. As intervenções dos partidos da oposição foram marcadas por referências às "golpadas" de há 15 anos, com Carlos Pereira (PS) a acusar o GR de criar entraves sérios à entrada de outros operadores e de ter criado um "esquema" de protecção da OPM.Do lado da maioria, coube a deputados de uma segunda linha da bancada a defesa das posições 'oficiais'. A maioria optou por destacar a vertente turística do Porto do Funchal e elogiar a decisão de mudar o porto comercial para o Caniçal. Élvio Encarnação chegou a afirmar que, nas últimas décadas, o GR operou uma verdadeira "revolução" nos Portos da Região.O debate terminou com Conceição Estudante a prometer novidades para breve, depois de estarem concluídos alguns estudos. Uma intervenção que lhe valeu comparações com Santos Costa. Paulo Martins recordou que o anterior titular da pasta dos transportes também prometia "estudos e mais estudos, mas veio a revelar-se um cábula" . Dívida Carlos Pereira lembrou que a dívida relativa à reestruturação dos portos, que deveria ser paga pela OPM, acabou por ser suportada pelos madeirenses, através de uma sobretaxa imposta pelo Governo Regional.Quatro meses o CDS-PP exige que o Governo regional tome medidas para reduzir o custo médio das operações portuárias para os valores praticados no resto do país. Para isso, José Manuel Rodrigues dá um prazo de quatro anos. Máfia tem sindicalistas Confrontado com o facto de haver um sindicato que é sócio dos empresários na ETP, Leonel Nunes foi directo: "Esses não são sindicatos, esses também são a máfia e estão feitos com a gente dos portos".Taxas da APRAM Os preços praticados na Região foram um dos temas do debate, com críticas da oposição às taxas praticadas pela Administração dos Portos que se reflectem nos preços pagos pelos vários produtos.Fiasco Leonel Nunes (PCP) afirmou que a reestruturação do Porto do Funchal foi "um dos maiores fiascos da era jardinista" e que serviu, apenas, "para gastar muito dinheiro do orçamento". O PCP quer saber qual o resultado da auditoria aos portos. Clientela Paulo Martins acusa o GR de, há muito tempo, ter feito a escolha de "governar a favor de uma clientela privada". O BE identifica as medidas urgentes para os Portos: abrir um concurso público e reduzir as taxas. Guilherme presente Como o DIÁRIO noticiou, um parecer jurídico da autoria do social-democrata Guilherme Silva, que refere a ilegalidade de haver um único operador portuário, foi um dos argumentos da oposição.Custos da insularidade representam 5%As contas são de Carlos Pereira, que evocando um estudo de uma empresa holandesa garante que a Madeira foi prejudicada em 2,5 mil milhões de euros por conta dos elevados custos com os transportes marítimos, em que a insularidade tem um custo de 5% sobre o PIB. E o deputado multiplicou este por 16 anos. Máquinas custaram 2,7 milhões de eurosFoi Baltasar Aguiar quem revelou: Afinal a OPM sempre comprou, à Portos da Madeira, sete guindastes, tendo pago 2,7 milhões de euros. Um valor contestado pelo deputado, mas que Conceição Estudante não quis discutir, ignorando a avaliação feita, os 20 anos de idade do equipamento e a sua nula utilização. Os milhões pagos pelos operadoresA denúncia foi de Carlos Pereira. O operador de Leixões movimenta 282 mil contentores, factura 38 milhões e paga 5 milhões pela concessão, enquanto a OPM movimenta 73 mil contentores e factura 12 milhões (só contentores) e nada paga de concessão. Pelas contas do deputado, as taxas da OPM são 22% mais caras. Impactos do transporte na formação do custoHouve números para todos os gostos. Conceição Estudante garante que o transporte marítimo pode pesar 10% no preço dos produtos alimentares e 6% nos outros, enquanto Baltasar Aguiar e Carlos Pereira asseguram que este é superior, com os bens alimentares mais caros na Madeira em 15%.

(Publicado no Diário de Notícias - Madeira)

PND PROPÕE DEBATE SOBRE OS PORTOS









Sector marítimo-portuário estará amanhã em debate

Espera-se uma manhã de intenso debate. Por proposta do Partido da Nova Democracia, o Parlamento regional vai discutir temas inerentes ao sector marítimo portuário regional e conta com a presença da secretário do Turismo e Transportes. O debate, que tem carácter de urgência, resume-se a uma manhã de trabalhos parlamentares e obedece a um rigoroso regimento com tempos de intervenção já definidos assim como outras regras que asseguram a metodologia a seguir.A primeira intervenção da manhã cabe ao PND como partido proponente. Terá 15 minutos, tempo igual ao que será atribuído a Conceição Estudante. Seguem-se perguntas dos diferentes partidos, que não podem exceder os dosi minutos. De acordo com o regimento, esta sessão não permitirá protestos, mas o Governo terá direito a prestar esclarecimentos, sem que daí possam resultar quaisquer perguntas. Quanto aos tempos de intervenção, o PSD terá direito a 67 minutos e o PS a 15. PCP e CDS poderão usar cinco minutos cada enquanto os partidos de um só deputado (BE, PND e MPT) apenas têm direito a três minutos de intervenção cada um. O debate deverá terminar pelas 12h40 da mesma forma que começou: com uma intervenção de 10 minutos para o Partido da Nova Democracia e outros tantos para Conceição Estudante, que encerra a sessão.

(Publicado no Diário de Notícias - Madeira)