Baltazar Aguiar afirma haver muito fumo de corrupção na Madeira, e dá os exemplos da Fundação Social Democrata e dos "meninos do carro preto"
DIÁRIO: Em que momento decidiu avançar com a candidatura do PND?
Baltazar Aguiar: Foi cerca de 15 a 10 dias antes de a ter anunciado. Eu estava decidido a só concorrer se conseguisse apresentar uma candidatura que fosse uma evolução e um crescimento relativo à candidatura ao parlamento nacional. Eu só tive essa garantia quando, tendo convidado Gil Canha e outras pessoas, elas me deram a sua aceitação para concorrer.
DIÁRIO: A decisão de que o PND deveria concorrer foi sua...
BA: Não. Foi uma decisão colectiva. Foi uma decisão debatida entre mim, o Gil Canha, o António Fontes e outras pessoas que compõem a lista, designadamente o Eduardo Welsh.
DIÁRIO: vê-se na lista do PND, que é bem de direita, gente conotada com a esquerda...
BA: Eu não sei o que é que é ser bem de direita. Eu sei o que significa ser de direita. Há muitas direitas. O PND é um partido da direita democrática, sobretudo da direita dos valores. Eu estou convencido de que nenhum democrata, independente, socialista mesmo, nenhuma pessoa de outro cerdo político pode ter qualquer tipo de prurido ou dificuldade em aliar-se e em intervir numa lista de um partido da direita democrática e dos valores.
E há na Madeira razões especiais para que isso aconteça.
DIÁRIO: Quais são?
BA: As razões são conhecidas. A Madeira vive numa espécie de pântano político. Temos um poder cheio de vícios e uma oposição estafada e envelhecida que não é capaz de o substituir.
DIÁRIO: A oposição em geral?
BA: Há líderes da oposição regional com 30 anos de poder partidário. E há líderes com quase dez anos de poder partidário sem resultados. Há uma espécie de cristalização da nossa oposição.
DIÁRIO: Dá jeito pessoal a quem desempenha tais funções?
BA: Há uma coisa que é evidente. Uma parte desses partidos limita-se a fazer um discurso de oposição meramente formal. Oposição que frequenta os lugares costumeiros, que reduz a política à frequência institucional do parlamento e tem um discurso que não atrai a população, não belisca o Governo, nem cria soluções alternativas.
DIÁRIO: Refere-se ao PP, ao PS...?
BA: Também a esses partidos. Este tipo de oposição formal criou uma sociedade sem solução.
DIÁRIO: Está a falar do novo ciclo que diz ser necessário?
BA: Claro. Eu gostava que algo ficasse bem esclarecido. Não é nada fácil fazer oposição na Madeira e fazê-lo tem consequências. Mas isso não poderá ser desculpa para se fazer na mesma oposição durante 30 anos.
Tantas vezes aparecem a público factos graves, questões importantes que a oposição nem quer discutir. Toda a oposição.
Os políticos e a oposição falam muitas vezes uns para os outros. Ora o que nós queríamos aqui era procurar introduzir uma nova forma de intervenção, um novo tipo de debate político, com a utilização de um outro tipo de linguagem. Mais directa, mais viva.
DIÁRIO: Esse é o objectivo da candidatura? Se não eleger deputados e o conseguir, já é bom?
BA: Qualquer resultado do qual não resulte a constituição de um grupo parlamentar é para nós um mau resultado. Nós achamos que a sociedade civil madeirense precisa de pessoas como eu, como o Gil, como o António Fontes e como o senhor Coelho a combaterem politicamente no parlamento.
DIÁRIO: Acredita mesmo na eleição de pelo menos um deputado?
BA: Eu não disponho de sondagens. Mas eu não preciso delas. Eu preciso é da minha vontade. Isto é um jogo que se tem de jogar. Não vamos entrar neste jogo para desistir à segunda ou terceira jornada.
A nossa intervenção política também tem consequências na nossa vida. Ou nós não sabemos como é que as coisas funcionam? Na minha vida, na vida do Gil Canha. Olhe, na vida do António Fontes, que vem de uma família tradicionalmente social-democrata, ligada aos grandes privilégios do Governo, e que teve a coragem de dar o nome nesta lista.
DIÁRIO: Quais vão ser os assuntos principais da vossa campanha? Já falaram do JM, do Porto do Funchal...
BA: Que uma coisa fique clara: o Jornal da Madeira é uma chaga regional. Os políticos regionais ou aceitam conviver com a chaga ou fecham-na. O que é que fizeram estes senhores da oposição e do poder quanto a isso? Porque é que ninguém tomou uma medida concreta para fechar esse Jornal?
DIÁRIO: Porque é que acha que foi?
BA: Não sei. Pergunte-lhes. Eu fui a primeira pessoa a fazer um comunicado à frente do Jornal da Madeira a acusar o jornal de ser um órgão do Governo. Agora só tenho a dizer: aquilo tem de fechar.
No entanto, o Jornal é uma coisa menor. O que nós queremos debater nesta campanha são as questões relacionadas com o estabelecimento de um verdadeiro Estado de Direito na Madeira.
Queremos liberdade económica total, sem monopólios proteccionistas ou favorecimentos, e liberdade política e de imprensa.
E a corrupção? Não somos como certas pessoas, por exemplo o Dr. Guilherme Silva, que quando fala de corrupção fala do continente. Olhe eu vou ler aqui uma passagem da intervenção dele, na AR, a propósito da corrupção: 'Nesta matéria não abdicamos da exigência de que todos sem excepção suscitem os seus efectivos poderes, no âmbito das suas competências legais e constitucionais, com a firmeza que se impõe num combate sem tréguas à corrupção, que queremos implacável e exemplar'. Nós dizemos isto na Madeira. Juntaremos todas as nossas forças num combate sem tréguas à corrupção, que queremos implacável e exemplar.
Vou dizer-lhe mais. O PSD [nacional] apresentou um projecto de revisão constitucional contra o crime do enriquecimento ilícito. Está subscrito também pelo deputado Guilherme Silva. Eu quero perguntar se querem levar a efeito esta legislação aqui na Madeira, para combater os enriquecimentos súbitos e inexplicáveis na Madeira. As pessoas dizem que aqui na Madeira não há casos de corrupção. Não há? Mas há fumo por todo o lado! Isto está cheio de fumo. Eu vou dar-lhe casos.
A Fundação Social Democrata. Um património de milhões. Proprietária de dezenas de prédios. Um prédio por cada freguesia, tem o PSD. Quer outro exemplo? Os empresários políticos. Normalmente ligados a licenciamentos dados pelo poder. A fornecimentos de bens e serviços à Região e a obras públicas.
DIÁRIO: Está a falar de Jaime Ramos?
BA: Naturalmente, estou a falar de toda essa gente. Temos de pôr o nome às pessoas. O grupo do senhor Jaime Ramos enriqueceu e engordou na Madeira de uma forma exponencial nos últimos anos, a olhos vistos. Como é que se explica essa fortuna? E as pessoas não se podem esquecer que ele é simultaneamente o secretário-geral do PSD, membro destacado da Fundação Social Democrata, o líder da bancada do PSD, o homem que manda na máquina social-democrata. E que entrou na política com tanto dinheiro como eu tenho e está milionário.
Quer outro exemplo? Os meninos do carro preto. Este escandaloso nepotismo regional de todos os meninos ou da maioria dos meninos das altas figuras do partido do poder, terem um lugar assegurado no Governo, nas autarquias e nas empresas públicas, por exemplo nas sociedades de desenvolvimento. E você não vê nenhum menino do carro preto no desemprego. Nenhum. No entanto temos um cenário de desemprego brutal, com os nosso jovens recém formados em Lisboa, na miséria e no desemprego.
As expropriações. Chega-se a encurtar estradas, para não se entrar no quintal de uma pessoa importante, e no campo expropria-se a troto e a direito, pagam-se as indemnizações mal e tarde e deixam-se as pessoas a morrer à fome, tirando o pão da boca.
Mesmo as pessoas do PSD sabem que isto é assim e acham que é preciso pôr fim a este vício.
Esta política que nós fizemos criou-nos uma crise como não há outra igual. Este Governo apostou durante 30 anos, numa política que eu definiria deste modo: betão, bola e borga. É o regime dos três bês.
Ora toda a gente já percebeu que não podemos continuar com a esquizofrenia das obras. Constrói-se em toda a ilha. Faz-se letra morta do Planos Directores Municipais que são violados constantemente pelas câmaras. E depois queixam-se de que há acções populares.
Toda a gente também já percebeu que não podemos continuar com esta política de financiamento de milhares e milhares para o futebol e para o desporto.
A crise tem também efeitos no turismo. Mas, qual é a política do turismo? É a política da Borga. O patrocínio das festas, das festinhas, das festarolas para consumo interno, para contentamento da população local, com a capa de que é uma promoção turística. Quando o Governo se limita a não ter rigorosamente política nenhuma para o turismo.
DIÁRIO: Voltando à campanha. Manuel Monteiro virá à Madeira.
BA: O Dr. Manuel Monteiro é presidente do partido. E eu teria todo o gosto que ele viesse à Madeira. Ele atravessou um deserto político, mas verdadeiro. Não foi num sofá confortável do parlamento nacional.
DIÁRIO: Essa é para Paulo Portas?
BA: As pessoas entendam como entenderem. O Dr. Manuel Monteiro deve vir à Madeira defender os valores que defende. Ele, se puder, virá, a menos que aconteça alguma tragédia, alguma desgraça.
DIÁRIO: Quem é que financia esta candidatura?
BA: É financiada com o dinheiro que eu tenho e que os meus membros de lista têm. Mas o que é que está a custar esta candidatura? Eu estou a dar-lhe esta entrevista e não está a custar coisa nenhuma. Esta entrevista faz mais pela minha candidatura do que muitos cartazes que metem aí. Eu não vou meter nenhum dos cartazes como os que andam por ai. Eu não me preocupo com o facto de não termos dinheiro, porque nós vamos agir connosco.
DIÁRIO: Vão tentar chegar essencialmente através da comunicação social. É isso?
BA: Pela comunicação social e por iniciativas de rua com a nossa presença. E no contacto directo com as pessoas.
DIÁRIO: Porque é que não se soube da posição do PND sobre a actualidade política mais cedo?
BA: Eu entendia que o partido não devia existir enquanto não tivesse uma estrutura mínima montada na Madeira. O Partido neste momento já tem essa estrutura mínima. Na altura em que me falou não tínhamos sequer 50 militantes. Já há um corpo mínimo para podermos falar de uma estrutura.
Agora o partido oferece o humilde palco à participação de pessoas da sociedade civil, mas espero não fique por aqui. Os nossos objectivos são constituir um grupo parlamentar.
DIÁRIO: Elegendo alguém, vão adoptar os sistema de rotatividade?
BA: A nossa intervenção política ficará a ganhar se, para além de mim, o António Fontes e os outros membros da lista puderem ter experiência parlamentar. Porque somos pessoas completamente diferentes umas das outras. Isso não significa que entendamos que essa é a solução ideal para todos os partidos
DIÁRIO: Tem acompanhado a vida do PP. Como vê a situação do partido?
BA: O que eu sinto é que o CDS está a ser tomado por um grupo de estrema direita absolutamente intolerante. É preciso não esquecer que esse grupo é liderado por uma pessoa que, há uns anos, chamava aos europeístas, isto nunca me coube na cabeça e eu sou anti-europeísta, europarvos. E que surpreendeu num programa de televisão para humilhar uma das figuras mais importantes da política portuguesa, como foi o Dr. Lucas Pires. Dizendo-lhe que ele na Europa não tinha crescido, tinha engordado.
DIÁRIO: Foi Paulo Portas...
BA: Pois foi. É preciso ter cuidado com esse tipo de pessoas e é preciso ter cuidado com essa gente e com esse grupo que está a dominar o CDS.
DIÁRIO: Isso está a ter reflexos na Madeira? É que se diz que os apoiantes de Ribeiro e Castro foram afastados da lista do PP.
BA: Parece que há aí uma noite de facas longas, de purga interna. Isso parece que há. Se efectivamente é ou não é, eu não sei. Mas o que parece, em política vale muito.
DIÁRIO: Que mensagem final gostaria de deixar?
BA: Eu apelo a todos os madeirenses de boa vontade, que não se identificam com as forças políticas do poder nem com o quadro partidário da oposição, para que se juntem a nós, para que engrossem a nossa força nesta campanha e para que travem connosco este combate.
Eu julgo que há poucas oportunidades na vida para se fazerem coisas interessantes e esta é uma delas.
Eu tenho contactado muitas pessoas que me dizem: 'eu não vou intervir tenho medo que a minha empresa vá à falência. Eu não posso intervir porque vou afrontar interesses'. As pessoas parece que se esquecem que não têm relações com o partido do poder, mas com o Governo.
Sem coragem cívica, sem participação, não conseguimos nada.
(Publicado em Diário de Noticias)
DIÁRIO: Em que momento decidiu avançar com a candidatura do PND?
Baltazar Aguiar: Foi cerca de 15 a 10 dias antes de a ter anunciado. Eu estava decidido a só concorrer se conseguisse apresentar uma candidatura que fosse uma evolução e um crescimento relativo à candidatura ao parlamento nacional. Eu só tive essa garantia quando, tendo convidado Gil Canha e outras pessoas, elas me deram a sua aceitação para concorrer.
DIÁRIO: A decisão de que o PND deveria concorrer foi sua...
BA: Não. Foi uma decisão colectiva. Foi uma decisão debatida entre mim, o Gil Canha, o António Fontes e outras pessoas que compõem a lista, designadamente o Eduardo Welsh.
DIÁRIO: vê-se na lista do PND, que é bem de direita, gente conotada com a esquerda...
BA: Eu não sei o que é que é ser bem de direita. Eu sei o que significa ser de direita. Há muitas direitas. O PND é um partido da direita democrática, sobretudo da direita dos valores. Eu estou convencido de que nenhum democrata, independente, socialista mesmo, nenhuma pessoa de outro cerdo político pode ter qualquer tipo de prurido ou dificuldade em aliar-se e em intervir numa lista de um partido da direita democrática e dos valores.
E há na Madeira razões especiais para que isso aconteça.
DIÁRIO: Quais são?
BA: As razões são conhecidas. A Madeira vive numa espécie de pântano político. Temos um poder cheio de vícios e uma oposição estafada e envelhecida que não é capaz de o substituir.
DIÁRIO: A oposição em geral?
BA: Há líderes da oposição regional com 30 anos de poder partidário. E há líderes com quase dez anos de poder partidário sem resultados. Há uma espécie de cristalização da nossa oposição.
DIÁRIO: Dá jeito pessoal a quem desempenha tais funções?
BA: Há uma coisa que é evidente. Uma parte desses partidos limita-se a fazer um discurso de oposição meramente formal. Oposição que frequenta os lugares costumeiros, que reduz a política à frequência institucional do parlamento e tem um discurso que não atrai a população, não belisca o Governo, nem cria soluções alternativas.
DIÁRIO: Refere-se ao PP, ao PS...?
BA: Também a esses partidos. Este tipo de oposição formal criou uma sociedade sem solução.
DIÁRIO: Está a falar do novo ciclo que diz ser necessário?
BA: Claro. Eu gostava que algo ficasse bem esclarecido. Não é nada fácil fazer oposição na Madeira e fazê-lo tem consequências. Mas isso não poderá ser desculpa para se fazer na mesma oposição durante 30 anos.
Tantas vezes aparecem a público factos graves, questões importantes que a oposição nem quer discutir. Toda a oposição.
Os políticos e a oposição falam muitas vezes uns para os outros. Ora o que nós queríamos aqui era procurar introduzir uma nova forma de intervenção, um novo tipo de debate político, com a utilização de um outro tipo de linguagem. Mais directa, mais viva.
DIÁRIO: Esse é o objectivo da candidatura? Se não eleger deputados e o conseguir, já é bom?
BA: Qualquer resultado do qual não resulte a constituição de um grupo parlamentar é para nós um mau resultado. Nós achamos que a sociedade civil madeirense precisa de pessoas como eu, como o Gil, como o António Fontes e como o senhor Coelho a combaterem politicamente no parlamento.
DIÁRIO: Acredita mesmo na eleição de pelo menos um deputado?
BA: Eu não disponho de sondagens. Mas eu não preciso delas. Eu preciso é da minha vontade. Isto é um jogo que se tem de jogar. Não vamos entrar neste jogo para desistir à segunda ou terceira jornada.
A nossa intervenção política também tem consequências na nossa vida. Ou nós não sabemos como é que as coisas funcionam? Na minha vida, na vida do Gil Canha. Olhe, na vida do António Fontes, que vem de uma família tradicionalmente social-democrata, ligada aos grandes privilégios do Governo, e que teve a coragem de dar o nome nesta lista.
DIÁRIO: Quais vão ser os assuntos principais da vossa campanha? Já falaram do JM, do Porto do Funchal...
BA: Que uma coisa fique clara: o Jornal da Madeira é uma chaga regional. Os políticos regionais ou aceitam conviver com a chaga ou fecham-na. O que é que fizeram estes senhores da oposição e do poder quanto a isso? Porque é que ninguém tomou uma medida concreta para fechar esse Jornal?
DIÁRIO: Porque é que acha que foi?
BA: Não sei. Pergunte-lhes. Eu fui a primeira pessoa a fazer um comunicado à frente do Jornal da Madeira a acusar o jornal de ser um órgão do Governo. Agora só tenho a dizer: aquilo tem de fechar.
No entanto, o Jornal é uma coisa menor. O que nós queremos debater nesta campanha são as questões relacionadas com o estabelecimento de um verdadeiro Estado de Direito na Madeira.
Queremos liberdade económica total, sem monopólios proteccionistas ou favorecimentos, e liberdade política e de imprensa.
E a corrupção? Não somos como certas pessoas, por exemplo o Dr. Guilherme Silva, que quando fala de corrupção fala do continente. Olhe eu vou ler aqui uma passagem da intervenção dele, na AR, a propósito da corrupção: 'Nesta matéria não abdicamos da exigência de que todos sem excepção suscitem os seus efectivos poderes, no âmbito das suas competências legais e constitucionais, com a firmeza que se impõe num combate sem tréguas à corrupção, que queremos implacável e exemplar'. Nós dizemos isto na Madeira. Juntaremos todas as nossas forças num combate sem tréguas à corrupção, que queremos implacável e exemplar.
Vou dizer-lhe mais. O PSD [nacional] apresentou um projecto de revisão constitucional contra o crime do enriquecimento ilícito. Está subscrito também pelo deputado Guilherme Silva. Eu quero perguntar se querem levar a efeito esta legislação aqui na Madeira, para combater os enriquecimentos súbitos e inexplicáveis na Madeira. As pessoas dizem que aqui na Madeira não há casos de corrupção. Não há? Mas há fumo por todo o lado! Isto está cheio de fumo. Eu vou dar-lhe casos.
A Fundação Social Democrata. Um património de milhões. Proprietária de dezenas de prédios. Um prédio por cada freguesia, tem o PSD. Quer outro exemplo? Os empresários políticos. Normalmente ligados a licenciamentos dados pelo poder. A fornecimentos de bens e serviços à Região e a obras públicas.
DIÁRIO: Está a falar de Jaime Ramos?
BA: Naturalmente, estou a falar de toda essa gente. Temos de pôr o nome às pessoas. O grupo do senhor Jaime Ramos enriqueceu e engordou na Madeira de uma forma exponencial nos últimos anos, a olhos vistos. Como é que se explica essa fortuna? E as pessoas não se podem esquecer que ele é simultaneamente o secretário-geral do PSD, membro destacado da Fundação Social Democrata, o líder da bancada do PSD, o homem que manda na máquina social-democrata. E que entrou na política com tanto dinheiro como eu tenho e está milionário.
Quer outro exemplo? Os meninos do carro preto. Este escandaloso nepotismo regional de todos os meninos ou da maioria dos meninos das altas figuras do partido do poder, terem um lugar assegurado no Governo, nas autarquias e nas empresas públicas, por exemplo nas sociedades de desenvolvimento. E você não vê nenhum menino do carro preto no desemprego. Nenhum. No entanto temos um cenário de desemprego brutal, com os nosso jovens recém formados em Lisboa, na miséria e no desemprego.
As expropriações. Chega-se a encurtar estradas, para não se entrar no quintal de uma pessoa importante, e no campo expropria-se a troto e a direito, pagam-se as indemnizações mal e tarde e deixam-se as pessoas a morrer à fome, tirando o pão da boca.
Mesmo as pessoas do PSD sabem que isto é assim e acham que é preciso pôr fim a este vício.
Esta política que nós fizemos criou-nos uma crise como não há outra igual. Este Governo apostou durante 30 anos, numa política que eu definiria deste modo: betão, bola e borga. É o regime dos três bês.
Ora toda a gente já percebeu que não podemos continuar com a esquizofrenia das obras. Constrói-se em toda a ilha. Faz-se letra morta do Planos Directores Municipais que são violados constantemente pelas câmaras. E depois queixam-se de que há acções populares.
Toda a gente também já percebeu que não podemos continuar com esta política de financiamento de milhares e milhares para o futebol e para o desporto.
A crise tem também efeitos no turismo. Mas, qual é a política do turismo? É a política da Borga. O patrocínio das festas, das festinhas, das festarolas para consumo interno, para contentamento da população local, com a capa de que é uma promoção turística. Quando o Governo se limita a não ter rigorosamente política nenhuma para o turismo.
DIÁRIO: Voltando à campanha. Manuel Monteiro virá à Madeira.
BA: O Dr. Manuel Monteiro é presidente do partido. E eu teria todo o gosto que ele viesse à Madeira. Ele atravessou um deserto político, mas verdadeiro. Não foi num sofá confortável do parlamento nacional.
DIÁRIO: Essa é para Paulo Portas?
BA: As pessoas entendam como entenderem. O Dr. Manuel Monteiro deve vir à Madeira defender os valores que defende. Ele, se puder, virá, a menos que aconteça alguma tragédia, alguma desgraça.
DIÁRIO: Quem é que financia esta candidatura?
BA: É financiada com o dinheiro que eu tenho e que os meus membros de lista têm. Mas o que é que está a custar esta candidatura? Eu estou a dar-lhe esta entrevista e não está a custar coisa nenhuma. Esta entrevista faz mais pela minha candidatura do que muitos cartazes que metem aí. Eu não vou meter nenhum dos cartazes como os que andam por ai. Eu não me preocupo com o facto de não termos dinheiro, porque nós vamos agir connosco.
DIÁRIO: Vão tentar chegar essencialmente através da comunicação social. É isso?
BA: Pela comunicação social e por iniciativas de rua com a nossa presença. E no contacto directo com as pessoas.
DIÁRIO: Porque é que não se soube da posição do PND sobre a actualidade política mais cedo?
BA: Eu entendia que o partido não devia existir enquanto não tivesse uma estrutura mínima montada na Madeira. O Partido neste momento já tem essa estrutura mínima. Na altura em que me falou não tínhamos sequer 50 militantes. Já há um corpo mínimo para podermos falar de uma estrutura.
Agora o partido oferece o humilde palco à participação de pessoas da sociedade civil, mas espero não fique por aqui. Os nossos objectivos são constituir um grupo parlamentar.
DIÁRIO: Elegendo alguém, vão adoptar os sistema de rotatividade?
BA: A nossa intervenção política ficará a ganhar se, para além de mim, o António Fontes e os outros membros da lista puderem ter experiência parlamentar. Porque somos pessoas completamente diferentes umas das outras. Isso não significa que entendamos que essa é a solução ideal para todos os partidos
DIÁRIO: Tem acompanhado a vida do PP. Como vê a situação do partido?
BA: O que eu sinto é que o CDS está a ser tomado por um grupo de estrema direita absolutamente intolerante. É preciso não esquecer que esse grupo é liderado por uma pessoa que, há uns anos, chamava aos europeístas, isto nunca me coube na cabeça e eu sou anti-europeísta, europarvos. E que surpreendeu num programa de televisão para humilhar uma das figuras mais importantes da política portuguesa, como foi o Dr. Lucas Pires. Dizendo-lhe que ele na Europa não tinha crescido, tinha engordado.
DIÁRIO: Foi Paulo Portas...
BA: Pois foi. É preciso ter cuidado com esse tipo de pessoas e é preciso ter cuidado com essa gente e com esse grupo que está a dominar o CDS.
DIÁRIO: Isso está a ter reflexos na Madeira? É que se diz que os apoiantes de Ribeiro e Castro foram afastados da lista do PP.
BA: Parece que há aí uma noite de facas longas, de purga interna. Isso parece que há. Se efectivamente é ou não é, eu não sei. Mas o que parece, em política vale muito.
DIÁRIO: Que mensagem final gostaria de deixar?
BA: Eu apelo a todos os madeirenses de boa vontade, que não se identificam com as forças políticas do poder nem com o quadro partidário da oposição, para que se juntem a nós, para que engrossem a nossa força nesta campanha e para que travem connosco este combate.
Eu julgo que há poucas oportunidades na vida para se fazerem coisas interessantes e esta é uma delas.
Eu tenho contactado muitas pessoas que me dizem: 'eu não vou intervir tenho medo que a minha empresa vá à falência. Eu não posso intervir porque vou afrontar interesses'. As pessoas parece que se esquecem que não têm relações com o partido do poder, mas com o Governo.
Sem coragem cívica, sem participação, não conseguimos nada.
(Publicado em Diário de Noticias)
4 comentários:
PARABENS
Pode ter a certesa que eu
vou votar na NOVA DEMOCRACIA
logo vou votar em Si
Luis Miguel
Parabens pela entrevista á RTP Madeira, os madeirenses precisam de alguem que fale assim. Podem contar com o meu voto. Muita força e parabens pela coragem. Abraço
eu tb atinei a entrevista.
a Madeira precisa de frontalidade e voçe tem.
eu vou votar em na NOva Democracia
LOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOL
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