Social-democratas e socialistas estimam não gastar os valores orçamentados, pois estão a seguir uma "lógica de contenção de custos"
Escândalo, vergonha extravagância, megalomania, contradição, gritaram ontem os pequenos partidos ao comentarem os milhões que PSD e PS perspectivam gastar na campanha eleitoral para as legislativas regionais de 6 de Maio."É um verdadeiro escândalo as verbas astronómicas que vão gastar", observou a bloquista Guida Vieira, questionando a decisão do PS de pretender "gastar tanto dinheiro quando foi o Governo Central a cortar verbas à Madeira em nome do rigor orçamental". Apelando aos eleitores para julgarem esta "verdadeira vergonha" na altura certa, Vieira disse também não compreender "como é que o PSD vai gastar milhões quando diz que a Madeira não tem dinheiro". Ao contrário do que Alberto João Jardim disse, o PSD não vai "dar um exemplo de modéstia, de contenção e de poupança, por causa da crise", lembrou depois o comunista Edgar Silva. Em vez disso, verifica-se mais uma "contradição escandalosa". O caso do PS "não é tão grave" pois teve outro procedimento, observou. Continua a "haver esbanjamento, mas o certo é que não assumiu um compromisso de contenção", recorda, sublinhando que "fazer o oposto é brincar com as pessoas, como se não tivessem memória". O cristão-democrata José Manuel Rodrigues também gritou "escândalo". Como é que o "PSD e o PS, que são os responsáveis por estas eleições antecipadas, porque deixaram partidarizar as relações entre a Região e a República, com base no argumento da falta de dinheiro, vêm agora gastar rios de dinheiro na campanha", questionou. Por isso, a 6 de Maio, os eleitores deviam castigar o "partido que provocou as eleições (PSD) por causa da falta de dinheiro e gastou milhões de euros na campanha" e não esquecer que "o PS, que tem responsabilidades nesta matéria, só gastou um pouco menos". Para João Isidoro, do Movimento Partido da Terra, mesmo tendo em conta "os orçamentos são avaliados por cima", os valores são um "exagero" e pecam pela falta de "equilíbrio e bom senso" que se impunha "num tempo de crise" como o actual. Mas o que surpreende mais "é o maior partido da oposição perspectivar gastar sete vezes mais que nas últimas eleições quando sempre criticou os gastos de campanha do PSD". "Penso que esta tendência de tentar ser igual ao PSD em termos de imagem, de custos, de campanhas megalómanas, não prestigia um partido que se diz querer ser diferente uma vez no poder, sentenciou.Baltazar Aguiar, do Partido Nova Democracia (PND) conta apresentar amanhã o 'seu' orçamento e divulgar na mesma ocasião a origem do dinheiro. "Convido todos os partidos a fazer o mesmo", apelou, considerando que "os eleitores têm o direito de saber o que está por detrás dos partidos e quem os sustenta" antes das eleições. Sobre os milhões orçamentados por PSD e PS: "São números absolutamente extravagantes. Deviam poupar, atendendo à crise do país", considerou. Jaime Leandro e Armando Abreu, os responsáveis, respectivamente, pelas finanças socialistas e social-democratas, explicaram que os orçamentos dos seus partidos foram "nivelados por cima", por forma a dar resposta a eventuais exigências que possam surgir no decurso da campanha e sem infringir a lei. Ambos estimaram não vir a gastar os valores revelados ontem pelo DIÁRIO, até porque estão a seguir uma "lógica de contenção de custos".
(Publicado em Diário de Noticias da Madeira)
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