sábado, outubro 01, 2011

Candidatos do PND barricados no edifício-sede do Jornal da Madeira - Exigem ser ouvidos pelo vice do governo regional ou pelo bispo do Funchal


Sete candidatos do Partido da Nova Democracia (PND) e o animador de campanha do PND-Madeira estão barricados desde esta manhã no edifício-sede do Jornal da Madeira, no Funchal, que acusam de ser um meio que “enxovalha, humilha e goza todos os dias” com a oposição. A administração do jornal fala em "acção abusiva" do PND.

A entrada nas instalações no jornal, situado na Rua Dr. Fernão de Ornelas, principal rua de comércio do Funchal, ocorreu esta manhã e seguiu-se a uma pequena declaração de António Fontes, na qual o candidato criticou os apoios concedidos pelo Governo Regional da Madeira, que detém a maioria do capital social daquele órgão de comunicação social. Além de António Fontes, também Dionísio Andrade, Gil Canha, Hélder Spínola, Eduardo Welsh e Baltasar Aguiar participam na acção do PND. O actor Márcio Amaro, que na campanha do PND-Madeira assume o papel de um agricultor madeirense com algumas semelhanças a Alberto João Jardim, também está no interior do edifício.

“Vamos passar da legítima defesa à acção directa. Vamos entrar no Jornal da Madeira, vamos-nos barricar aqui dentro enquanto não formos ouvidos pelo vice-presidente do governo regional [João Cunha e Silva] ou pelo senhor bispo do Funchal [D. António José Cavaco Carrilho]. Daqui não sairemos”, assegurou António Fontes logo no início da acção.

António Fontes, que considera o Jornal da Madeira a sede da “batota eleitoral”, disse que o matutino “enxovalha, humilha e goza todos os dias” com a oposição, “em particular o PND”. O jornal é ainda acusado pelo PND de “não admitir direitos de resposta nem qualquer esclarecimento”, sublinhando que “faz campanha total quase ao PSD e ao Governo Regional da Madeira em pré-campanha e na própria campanha eleitoral”, não admitindo opiniões contrárias.

O PND lamenta ainda que o diário “não cumpra” as recomendações da Comissão Nacional de Eleições “para tratar todas as candidaturas de igual forma”.

Do interior do edifício, através de mensagens SMS chegadas ao início da tarde, os candidatos do PND reforçam as explicações sobre a sua acção, sublinhando que esta “visa defender a pluralidade de informação e o fim da batota eleitoral na Madeira perante a omissão e cobardia de todos os responsáveis políticos nacionais”. “Resta-nos apenas esta acção para cumprir na Madeira a justiça e a legalidade democrática”, acrescenta a mensagem chegada ao exterior.

O PND garante ainda que não vai abdicar do direito ao protesto. “Não abandonaremos esta posição de resistência enquanto quem manda neste jornal e o utiliza em seu proveito - o governo regional e a diocese - não abrir negociações connosco. Já chegou o tempo de dizer basta”, reforçaram.

Os candidatos, acompanhados por jornalistas, tentaram aceder esta manhã à redacção do diário, tendo os repórteres que faziam a cobertura desta acção sido expulsos do edifício, mantendo-se os candidatos no interior.

Pela porta exterior do edifício foram visíveis empurrões, estando no interior das instalações do jornal pelo menos quarto agentes da PSP.

Junto à entrada do jornal, vários populares procuram saber o que se passa no interior do edifício. O PÚBLICO tentou falar com a administração do Jornal da Madeira mas foi-lhe negada a entrada nas instalações.

Acção do PND foi “abusiva”

A administração do jornal já veio criticar a acção do PND. Depois de ter exigido a saída dos candidatos do partido e dos jornalistas que os acompanhavam das instalações do jornal, o administrador do diário, Rui Nóbrega, falou depois aos repórteres que se encontravam à porta do edifício. “Eu nunca entrei na casa de ninguém sem permissão, não aceito nem admito”, disse pedindo desculpas pela forma como agiu mas sublinhando que a acção do PND foi uma “intromissão abusiva, descarada, inadmissível”. “Nunca foi pedida autorização”, insistiu.

PS também impedido de entrar

A meio da tarde, uma delegação do PS chefiada pelo candidato Maximiano Martins foi também impedida pela PSP de entrar nas instalações do Jornal da Madeira. Martins disse aos jornalistas ter ficado surpreendido com esta atitude dos agentes, atendendo a que tinha a garantia do comandante da polícia da Madeira que poderia intervir num papel mediado com os barricados.“Vim incumbido de uma missão de boa fé para mediar o conflito”, disse o candidato. “Estes senhores estão há horas barricados aqui mas o Jardim está há mais de 30 anos barricado por trás do Jornal da Madeira”, acrescentou.

Frustrada a missão, a delegação socialista dirigiu-se de imediato ao Palácio de S. Lourenço para pedir uma audiência de urgência com o Representante da República, Irineu Barreto.

“Este estado de sítio que se vive na Madeira não pode continuar. Os apelos de Jardim à violência vão acabar muito mal”, concluiu Maximiano.

Partido Trabalhista apoia acção do PND

O candidato do Partido Trabalhista Português (PTP), José Manuel Coelho, deslocou-se algumas horas depois do início do protesto até ao local, onde manifestou em nome do PTP o apoio à acção do PND. Coelho, ex-candidato presidencial, defendeu que é preciso retirar o Jornal da Madeira da gestão do governo regional e devolvê-lo à diocese do Funchal. “Neste momento, é um jornal fascista que defende o ‘jardinismo’ e é pago com os nossos impostos”, criticou.

A delegação do PS chefiada pelo candidato Maximiano Martins foi impedida pelo PSP de entrar nas instalações do Jornal da Madeira. Martins disse aos jornalistas ter ficado surpreendido com esta atitude dos agentes policiais atendendo a que tinha a garantia do comandante da polícia da Madeira que poderia intervir num papel mediado com os barricados.

Os candidatos do PND, acompanhados por jornalistas, tentaram aceder esta manhã à redacção do diário, tendo os repórteres que faziam a cobertura desta acção sido expulsos do edifício. Apenas os elementos do PND permanecem desde então no interior do jornal.

Junto à entrada do jornal, vários populares acompanham a situação. O PÚBLICO tentou falar com a administração do Jornal da Madeira mas foi-lhe negada a entrada nas instalações.

(Com a devida vénia ao Público)

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