sábado, fevereiro 24, 2007

A propósito da demissão do Dr. Alberto João Jardim













A Madeira vai a votos. Alberto João Jardim assim o quis, assim o decidiu. Confrontado com o facto, indesmentível, de não poder continuar a gastar à tripa-forra, o presidente dos social-democratas madeirenses percebeu só ter dois caminhos: ou saía de cena, argumentando não poder governar com regras novas, ou demitia-se para de novo se candidatar. Jardim preferiu a segunda alternativa e lá para Maio ou Junho os eleitores dirão de sua justiça. Justiça que aparentemente está já traçada, sendo que a incógnita reside hoje no número de votos a mais, ou a menos, que João Jardim receberá por comparação com as eleições anteriores. Tácticas à parte, vale a pena reflectir sobre esta recente 'crise' política, abordando três pontos.

1. Os efeitos partidários da decisão de Jardim;
2. As consequências políticas para a Madeira, da reeleição de Jardim;
3. As consequências económicas para os madeirenses, com a manutenção de Jardim;
Efeitos partidários da decisão de Jardim:
a) No PSD
b) Na oposição socialista
No PSD, no PSD/Madeira bem entendido, os efeitos serão claramente favoráveis a Alberto João Jardim. Afasta vozes que começavam a dar nas vistas e a aparentar ter vida própria; atira para as calendas gregas a história da sucessão, colocando em sentido os autodenominados delfins; reforça o seu poder interno ajudado até por uma lei eleitoral modificada (convém lembrar que na Madeira passou a existir um único círculo eleitoral de 47 deputados, o que significa retirar peso aos barões do campo. Jardim vai ganhar, e sozinho, sem nenhuma necessidade dos Jaime Ramos da vida).

Na oposição socialista os efeitos destas antecipadas eleições podem ser devastadores. Devastadores porque o PS corre o risco de ver drasticamente diminuída a sua presença na Assembleia Regional. Se para este facto concorria já a mudança da lei eleitoral, acresce agora a circunstância dos madeirenses irem votar contra o 'diabo' socialista, encarnado em Sócrates e no seu governo. Quem vai a votos na Madeira não é o PS regional, mas o PS nacional. Esse é o grande desafio que Jardim se dispôs a enfrentar. Pode parecer patético, mas o razoável e a análise política tradicional não colam com o que se passa na Região Autónoma da Madeira. Jardim inventou um novo jogo e definiu quem seriam os seus adversários. Bem podem os dirigentes socialistas madeirenses gritar, mas João Jardim ignorá-los-á. No seu subconsciente Jardim julgar-se-á no Terreiro do Paço, a fazer um comício contra os seus inimigos políticos. À falta de condições, de estatura e de estatuto, para lutar politicamente a nível nacional, o presidente dos social-democratas madeirenses vai fazer destas eleições regionais, as eleições nacionais que jamais disputará. Na noite da vitória considerar-se-á Napoleão e não nos admiremos se reivindicar para a sua 'Córsega' um estatuto diferente daquele que por agora possui. O PS/Madeira deveria pois perceber que esta batalha política é diferente, muito diferente, de todas as que já travou. A sua derrota está anunciada, restando apenas saber qual a sua expressão numérica.

Consequências políticas

A Madeira, na minha opinião, nada lucrará com a reeleição de João Jardim. Bem sei que esta minha opinião encontrará eco em muito pouca gente naquela região. Há hoje na Madeira uma cultura muito própria, reduzida a uma lógica do amigo contra o inimigo, que impede a possibilidade de ver e ser visto para lá desse tipo de mundo. Quem apoia o poder é apoiado, quem o contesta ou dele simplesmente discorda é simplesmente 'banido'. Ora isso não é positivo e é sintoma de pouca saúde. Goste-se ou não da lei das finanças regionais ela existe porque os órgãos políticos legítimos a votaram, a aprovaram e a promulgaram. Não será por receber mais votos que o Dr. Jardim vai fazer alterar a dita lei. Significa isto que a reeleição de João Jardim não trará nada de substancialmente distinto à região, salvo se a expressiva votação que Jardim espera for um primeiro passo para a declaração de independência. Aí Jardim passará de Napoleão a um D. Pedro da era actual, faltando só saber de que ponto da ilha dará o grito que o imortalizará como o imperador da Madeira. Aliás, o Dr. Jardim ganharia mais respeito se assumisse como bandeira a luta pela independência. Tudo seria mais claro, mais transparente e mais correcto. Aí, sim, teríamos um João Jardim corajoso. Se o seu desprezo por Portugal é tal ao ponto de dele dizer o que diz, João Jardim deveria conduzir o seu povo para fora da República portuguesa. Manter tudo como está é batota e não é sério. Sócrates é apenas o álibi para Jardim descarregar todo o seu ódio à Pátria tal como existe e está concebida. A Madeira é para si uma verdadeira Nação e o seu mais íntimo desejo é transformá-la num Estado.

Consequências económicas

Para o Povo madeirense, para aquele povo que julga estar Jardim disposto a sacrificar-se pelo seu bem-estar, as consequências vão ser muito negativas. Por causa da lei das finanças regionais? De modo algum, apenas em virtude de uma política económica errada que, em nome de um desenvolvimento balofo, contribuiu para encher os bolsos dos apaniguados do regime madeirense. João Jardim é hoje o testa-de-ferro das famílias da Madeira nova e é em seu nome que se prepara para lançar mão de um conjunto de medidas económicas e financeiras, esgotado que está o baú das receitas extraordinárias, dos empréstimos sucessivamente renovados, dos perdões de dívida constantemente alcançados. Vários dos capitalistas novos da Madeira, alguns directos e dilectos herdeiros da ANP marcelista, têm em João Jardim o seu executivo preferido. A liberdade de Jardim é assim muito menor do que se pensa. A oligarquia económica que à sua custa cresceu, que com o seu beneplácito se tornou milionária e com o seu consentimento se transformou em dona da Madeira, não poderia permitir que Jardim saísse. E Jardim não sairá!

in: (www.dnoticias.pt)









3 comentários:

Anónimo disse...

granda homem.

gostei msm deste artigo.

conte comigo.

Anónimo disse...

Não posso deixar de comentar um artigo de opinião publicado no diário, no passado sábado. Pelo Dr. Manuel Monteiro, Presidente do Partido Nova Democracia. É sem sombra de duvida um politico com enormes qualidades e que são necessárias para o enriquecimento do debate politico da nossa Madeira (Portugal). Não sei se o seu partido ira figurar nas próximas eleições? Só desejo a maior felicidade e boa sorte ao Dr. Monteiro nesta nova aventura. Espero que o Partido Nova Democracia contribua para enriquecer o debate político regional, sobretudo no que respeita as injustiças que se tem verificado na nossa Região.
Apenas lanço um alerta. Espero que o PND conduza – repito – conduza o debate sobre a de uma forma responsável. Tal como fez nas ultimas legislativas Nacionais.

FORÇA MUITA FORÇA

Anónimo disse...

ALBERTO JOÃO JARDIM! GRANDE HOMEM!!! VEJAM LÁ SE APRENDEM ALGUMA COISA COM ESTE GRANDE SENHOR!!!