terça-feira, abril 07, 2009

O diferendo Jornal – Diário, um breve historial
















Há muitos anos que o Dr. Jardim vem alimentando a ideia que o Diário de Notícias não faz cobertura jornalística imparcial. Este argumento é usado para justificar o continuado financiamento do Jornal da Madeira e a sua linha editorial, claramente identificada com o PSD-Madeira. Paradoxalmente, os ataques contínuos ao Diário de Notícias da Madeira, também conferem credibilidade ao DN, alimentando a ideia que este é um órgão de comunicação social ‘independente’ do poder instalado na Madeira há 35 anos. A relação entre o Presidente e o DN agravou-se no período que antecedeu as eleições regionais de 2004, quando Jardim fez ameaças e chantageou sectores da sociedade civil, política e empresarial, prometendo tomar medidas com o intuito de as prejudicar. A 9 de Agosto de 2004, o Dr. Jardim anunciou que se ganhasse as eleições iria tomar medidas contra grupos económicos que, no seu entender, ‘prejudicam’ a região, e com referência ao Diário de Notícias afirmou: Mas eu preparo-me também, a seguir às eleições, para tomar as medidas que impõem em relação a grupos económicos que são pessoas não gratas aqui na região.’ (sic.) ‘…Quando um grupo está a prejudicar a vida da Região, deve ser expropriado ou deve-se tomar em relação a ele qualquer medida que a lei prevê para deixar de perturbar a vida da região’… ‘Estamos, seriamente, a pensar fazê-lo a seguir às eleições e dizemo-lo com toda a lealdade, para saberem com o que contam se o PSD ganhar.’ 13 de Setembro de 2004, à margem de uma inauguração, Jardim repetiu a sua intenção de expropriar o grupo Blandy e o Diário de Notícias da Madeira: ‘Quando eu falei em expropriar esse grupo não me levaram a sério, mas vão ver…’ 1 de Outubro de 2004, Jardim mais uma vez ameaçou: ‘Quiseram assim, quiseram me enfrentar. Preferiram por em causa os próprios negócios deles. Pois seja qual for o resultado das eleições a luta continua. E da próxima vez sem quaisquer tréguas.’ 17 de Outubro de 2004, dia das eleições, o Jornal da Madeira publica um cartoon, redigido pelo seu director, no qual reforça a ideia que o Dr. Jardim irá concretizar a sua promessa eleitoral de expropriar ingleses, incluindo naturalmente o Diário da Madeira: ‘Vão criar a AEPI - Associação de Expropriados com Passaporte Inglês’. 18 de Outubro de 2004, conhecidos os resultados eleitorais e a vitória do PSD-Madeira, Jardim divulgou uma iminente ‘limpeza’ nos jornalistas do Diário, e adiantou que já não expropriava o Diário de Notícias mas que iria adoptar métodos mais ‘rafinés’. O Governo deixou de publicar publicidade oficial no Diário de Notícias, passando agora a publicitar unicamente no Jornal da Madeira, cortando uma avultada fonte de receitas do Diário de Notícias. Esta situação foi alvo de reparos por parte do Tribunal de Contas no relatório referente ao ano de 2005. 1 de Janeiro de 2008, confrontado com a baixa de vendas do Jornal da Madeira, a EJM tornou o Jornal num ‘gratuito’ e baixou a sua tabela publicitária para bater os preços do gratuito ‘Cidade’ e do Diário de Notícias.
24 de Junho de 2008, Jardim afirma que a Lei dos Media poderá fechar todas as rádios locais que tenham apoio do Orçamento Regional e avisa:
...'se o Governo Regional entende que o grupo Blandy está a prejudicá-lo, não há nada para o Grupo Blandy só que desta vez, a conflitualidade corre o risco de extravasar o âmbito dos diários e passar a todos os âmbitos de actividade do grupo Blandy.' 1 de Julho de 2008, o Jornal da Madeira anuncia a intenção de adoptar um preço de capa ‘simbólico’ de 10 cêntimos e de limitar a sua tiragem a 6500 exemplares.
4 de Julho de 2008. A gerência do DN nega a declaração do Secretário Regional dos Recursos Humanos no sentido que estas alterações seriam fruto de um ‘entendimento’ entre as duas empresas. O Diário de Notícias avança o argumento que ‘de acordo com a lei da concorrência, uma publicação generalista, gratuita e a receber subsídios públicos não pode inserir nas suas páginas publicidade sob pena de incorrer em ilegalidade.’ A partir de Julho de 2008, o Jornal da Madeira passa a ostentar um preço de capa ‘simbólico’ de 10 cêntimos, mas continua a ser distribuído à população de forma gratuita. O Diário de Notícias não contesta esta ‘ficção’ junto à Alta Autoridade para a Concorrência.
2 de Março de 2009, o Presidente da República veta a Lei do Pluralismo, que impediria o Governo Regional de ser dono do Jornal da Madeira e de continuar a financiá-lo. 18 de Março de 2009, a Empresa Jornal da Madeira anuncia que vai aumentar a sua tiragem, confirma que o Jornal é de facto gratuito para o consumidor final e explica que a Sodisnasa, empresa que distribui o jornal, compra as edições para posteriormente distribui-la de borla. 22 de Março de 2009, o Diário de Notícias prepara despedimentos de pessoal. O Jornal da Madeira recebe mais de 3 milhões de Euros do erário público por ano e publica mais de 1000 artigos de opinião política de colaboradores ligados ao PSD-Madeira; Zero artigos de opinião de qualquer outro partido.

(Artigo da autoria de Eduardo Welsh)

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