

(Com a devida vénia ao Tribuna da Madeira)
Depois destes meses na Assembleia quais são os seus planos imediatos?Vou voltar à minha actividade profissional normal, porque a actividade política não é uma profissão, pelo menos para mim. Sou trabalhador da construção civil e neste momento estou inscrito no Serviço Regional de Emprego. Vou esperar que surja algum trabalho. Passa de deputado a desempregado?Já estava desempregado antes.Que balanço faz deste período em que esteve na Assembleia?Foi uma experiência enriquecedora, tive oportunidade de trabalhar e ajudar o companheiro Baltazar Aguiar e o PND e, sobretudo, alertar as consciências dos madeirenses para a situação insólita que é haver uma porção do território nacional onde o mesmo partido já manda há 30 anos. É uma situação que produz todos estes interesses instalados e uma oligarquia económica. Foram essas as situações que procurou denunciar?Tive oportunidade de pôr a nu situações muito graves como o porto, que coloca em xeque toda a economia da Região.Outros dos seus alvos preferidos foram Jaime Ramos e Jaime Filipe Ramos. Não foram os únicos, mas eles representam a oligarquia do regime jardinista. É uma cópia menor do que se passa em Angola, onde o José Eduardo dos Santos tem aqueles milhões do petróleo e depois a filha, a família e o Estado-maior dominam tudo. Em Angola administram-se biliões de dólares, aqui são milhões de euros. O combate contra Jaime Ramos é simbólico, não é pessoal, mas contra aquilo que ele representa. O seu comportamento na Assembleia, nomeadamente a exibição de uma bandeira nazi, originou muita polémica. Voltava a fazer o mesmo? Sim, sem dúvida. O que acontece é que a nossa política doméstica não tem qualquer repercussão no continente. O que fazemos aqui não tem grande relevância, a não ser uma 'boca' mais grave do dr. Alberto João contra a República. Os jornais nacionais alheiam-se completamente e é como se isto não existisse. Nós temos uma situação anti-democrática que é ter uma Assembleia que não funciona para os fins que foi criada, que era fiscalizar o Governo, como acontece em todos os parlamentos burgueses. É um avanço das democracias burguesas, mas que aqui não acontece. Só através de uma acção bastante espectacular é que se poderia chamar a atenção do país e foi isso que procurámos fazer. Depois da sua suspensão, garantiu que não iria processar o presidente da Assembleia, no entanto o PND foi queixar-se à Procuradoria-Geral da República. Por mim, não haveria queixa nenhuma, mas a direcção do partido em que estou integrado decidiu que devia processar, para fazer cair o senhor presidente da Assembleia Legislativa. Ele não assume os seus poderes, é uma figura decorativa e não tem condições para estar ali. É curioso que quando eu fazia aquelas sátiras ele advertia-me, mas quando era o Jaime Ramos já não dizia nada. É preciso ver que ele deveria ser a primeira figura da Região, mas está subserviente ao senhor Jaime Ramos. O chefe do grupo parlamentar do PSD manda mais do que o presidente da Assembleia. Se ele caísse, penso que era bom para a democracia da Madeira. O modelo de actuação do PND resultou?Eu acho que sim, porque veio alertar as consciências, porque as pessoas só sabem o que diz a propaganda do Governo.Teve reacções positivas? Sim, senti isso. Muita gente teve outra consciência do que era a Assembleia, um organismo de poder regional que praticamente não funciona, que é decorativo e custa imenso dinheiro ao contribuinte. Uma consequência da sua passagem pela Assembleia foram várias ameaças de processos judiciais. Agora que deixa de ser deputado teme ser processado? É possível que avancem com processos mas eu já estou habituado. Eu não temo os processos em tribunal, porque sigo o que dizia São Paulo: 'que nenhum de vós padeça como ladrão ou malfeitor, mas se forem perseguidos em nome de Cristo considerem-se bem-aventurados'. Fazendo uma analogia, se eu for a tribunal acusado de roubar ou vender droga, é coisa para me envergonhar, mas por delitos políticos até é uma honra. Mas admite que isso possa vir a acontecer?Sim e por isso é que já estou precavido. Não tenho bens em meu nome, nem conta no banco. Podem é mandar-me fazer trabalho comunitário, ou então vou preso e eles vão ter que me dar de comer. Essa sua acção também tem efeitos eleitorais? Tenho a certeza que vamos subir nas próximas eleições, não sabemos quanto, mas vamos subir. Começámos por ser um partido desconhecido, com a brincadeira do Bexiga e até nem acreditávamos muito na eleição de um deputado, mas gora é fácil, até há a possibilidade de elegermos vereadores às câmaras. Nas autárquicas vai concorrer por Câmara de Lobos para, como disse, ajudar o PS-M. Isso não é prejudicial para os socialistas? Não é, porque a nossa campanha visa o esclarecimento dos cidadãos de Câmara de Lobos. O PS enfrenta uma situação grave de dissidências internas, como foram os casos de João Isidoro e Ismael Fernandes que saíram zangados com o partido. Segundo o PS, quiseram ver-se livres deles, da dra. Rita Pestana e do dr. Fernão Freitas, porque eram submarinos jardinistas. Não sei se era assim, mas o que acontece é que Isidoro e Ismael estão a combater o antigo partido. Acho isso mal, porque eu saí do PCP - não saí, eles deitaram-me fora... -, mas não estou a combatê-los. Se queremos uma alternativa democrática temos que viabilizar mudanças. A solução é apoiar o PS em Câmara de Lobos? Penso que podemos conseguir um vereador em Câmara de Lobos mas, se não conseguirmos, vamos fazer com que mais pessoas votem no PS e que não caiam na conversa do senhor João Isidoro Gonçalves (MPT).É um ex-comunista e diz que o PCP ainda é o seu partido. Como se sente integrado num partido de direita? Sempre fui e sou comunista. Este é um partido de direita, mas daquela direita que é hostil ao poder, porque a direita do poder, a do grande capital financeiro, está personificada no PSD e no PS. Ao estar neste grupo do PND estou a aproveitar uma oportunidade para ajudar a democracia. O nosso PND, aqui na Madeira, tem características muito diferentes daquelas que tem no continente. Nós somos um grupo heterogéneo de pessoas que não têm grandes conotações políticas. Só o companheiro Baltazar Aguiar é que pode ser de direita, mas ele já está mudando (risos). Como foi o relacionamento pessoal com os outros deputados, ao longo destes meses? Tenho boas relações com todos, menos com os grandes caciques do regime, porque eles não querem, ficam cheios de ódio. Para esses, encontrar-me é como ver Satanás. Polémico Relógio e bandeira marcaramJosé Manuel Coelho tem 56 anos, é pintor de construção civil e tem o 12º ano de escolaridade. O seu percurso político começou no Partido Comunista Português, de onde saiu por divergências com a direcção regional. No entanto, como faz questão de afirmar, continua a ser comunista e ainda chama ao PCP o 'seu' partido. Nos últimos meses foi o representante do Partido da Nova Democracia na Assembleia e um dos principais protagonitas, dentro e fora do parlamento. Começou por apresentar-se no plenário com um relógio de cozinha ao pescoço, para protestar contra a redução dos tempos de intervenção da oposição. Depois, protagonizou um dos episódios mais polémicos, ao exibir uma bandeira nazi no parlamento, que tentou entregar ao líder da bancada do PSD. A maioria exigiu a sua suspensão que acabaria por ser considerada ilegal.
(Com a devida vénia ao Diário de Notícias - Madeira)
Lisboa, 03 Jan (Lusa) - O presidente do Partido da Nova Democracia (PND), Manuel Monteiro, defendeu hoje num encontro com o arcebispo de Braga que o distrito bracarense seja considerado uma zona franca em termos fiscais, como a Madeira.
Manuel Monteiro disse à agência Lusa que pediu a audiência com D. Jorge Ortiga no seguimento da apresentação da Missão Minho, um movimento de cidadãos que está a apoiar a sua candidatura a deputado pelo distrito de Braga nas próximas eleições legislativas.
O líder do PND, a exercer estas funções até 31 de Janeiro, adiantou que falou com o arcebispo de Braga sobre a situação que o "Minho vive como uma das regiões do país mais afectadas pela crise económica e pelo desemprego".
"Fui transmitir a D. Jorge Ortiga a ideia de que acredito que a resolução dos problemas do distrito de Braga não passa pela mão estendida apenas na busca de subsídios e na busca de soluções fáceis, que ao mesmo tempo são de dependência governamental", sublinhou.
Manuel Monteiro levou um conjunto de propostas ao arcebispo primaz de Braga e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, das quais salientou a criação de uma zona franca em termos fiscais para o distrito de Braga, que "não é menos que a Madeira".
"Se a Madeira tem uma zona franca onde os investidores têm isenção de impostos para poderem investir, penso que se justifica, mais que nunca, que Braga seja uma zona franca fiscal que permita que os investidores económicos de fora, do próprio distrito e da região do Minho tenham mais do que benefícios, ou seja, tenham isenções no plano fiscal durante um período mínimo de cinco anos para fazer face à crise", sustentou.
O candidato a deputado pelo distrito de Braga disse, também, que deixou "uma mensagem e um alerta" ao arcebispo de Braga, no sentido de que o "o PCP e o Bloco de Esquerda estão a tentar transformar Braga na Setúbal do Norte".
Para Manuel Monteiro, estes partidos têm uma "estratégia de aproveitamento das crises económicas que se vivem na região para tentar capitalizar isso do ponto de vista político".
Manuel Monteiro é líder do PND até 31 de Janeiro, dia em que será realizado um congresso partidário para eleger um novo presidente.
(Com a devida vénia à RTP e à Agência Lusa)
PND do lado do PS, pela alternativa; Arlindo Gomes não comenta silêncio de Jardim
"Tirar votos ao MPT e ajudar o Partido Socialista a ser alternativa" nas eleições autárquicas deste ano. A meta do PND é ambiciosa, mas José Manuel Coelho acredita que é possível "capitalizar as brigas internas no PSD de Câmara de Lobos" para conquistar parte do eleitorado insatisfeito com a actual conjuntura. Enquanto o PND 'se atira' ao que interpreta com um sinal de fragilidade social-democrata (a indefinição relativamente ao candidato pelo concelho), Arlindo Gomes remete-se ao silêncio sobre o seu futuro na autarquia de Câmara de Lobos.Para o autarca social-democrata não é o momento de tecer quaisquer comentários sobre as opções do partido ou até mesmo sobre o interesse das mais recentes formações partidárias - MPT e PND - pelo concelho."Neste momento, estou preocupado em executar o meu mandato e em fazer aquilo a que me comprometi", sublinha Arlindo Gomes.Parco nas palavras é também o presidente da Junta de Freguesia de Câmara de Lobos. Higino Teles lembra que cabe à Comissão Política Regional decidir o 'timing' para dar a conhecer a candidatura câmara-lobense, embora considere que o 'não anúncio' é "perfeitamente normal". "Salvo raras excepções os outros partidos ainda não anunciaram as suas candidaturas", argumenta.Apesar de entender como normal a incerteza sobre o candidato 'laranja' para Câmara de Lobos, Higino Teles reconhece que a situação pode ser responsável pelo interesse reforçado da oposição no concelho. "Eu interpreto algumas candidaturas como não tendo por objectivo principal os resultados eleitorais, mas sim o aproveitamento mediático", acrescenta ainda o presidente da Junta de Freguesia. A crítica de Higino Teles encaixa-se no perfil do PND-M. Na resposta, José Manuel Coelho ironiza e refere que a sua campanha vai incidir sobre o esclarecimento porta-a-porta. "Não temos interesses mediáticos, apenas queremos promover uma alternativa política em Câmara de Lobos", atesta. Coelho quer "evitar o voto no MPT e no Isidoro ressabiado com o PS", já que o partido, diz o deputado do PND, não passa de "uma bengala do PSD". Ao contrário de Coelho, o líder do MPT não se intromete na estratégia dos outros partidos. Isidoro Gonçalves diz que não valoriza mais um candidato em detrimento do outro. "O candidato Coelho será tratado em pé de igualdade com os candidatos dos outros partidos e espero que ele tenha o mesmo princípio", frisou o presidente do MPT. Isidoro Gonçalves apela ao PND para que contribua para o debate sério e credível na autarquia câmara-lobense. MPT define estratégiaO MPT reúne, nos próximos dias, a Comissão Executiva para redistribuir responsabilidades e definir estratégias da candidatura para as autárquicas. "Vamos definir as estratégias e os timing's em todos os concelhos", adiantou, ao DIÁRIO, Isidoro Gonçalves. O MPT vai ter candidatos em todos os municípios do arquipélago, concorrendo, no mínimo, a todos executivos camarários. Na faixa Sul, entre Câmara e Machico, o partido de Isidoro pretende concorrer à Câmara Municipal e às freguesias.
(Com a devida vénia ao Diário de Notícias - Madeira)